
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev elevou o tom contra os Estados Unidos nesta quinta-feira (31) ao responder a uma ameaça feita por Donald Trump. Em sua conta no Telegram, o aliado de Vladimir Putin advertiu que Washington deveria lembrar da existência do sistema “Mão Morta”, arma nuclear soviética capaz de lançar mísseis automaticamente caso a liderança russa seja eliminada. Segundo Medvedev, a reação de Trump mostra “nervosismo” e comprova que Moscou está “no caminho certo”.
A resposta foi motivada por uma publicação feita horas antes por Trump na Truth Social. O presidente norte-americano chamou Medvedev de “ex-presidente fracassado” e afirmou que ele estaria “entrando em território muito perigoso” ao comentar que sanções ao petróleo russo poderiam agravar o risco de guerra. O sistema “Mão Morta” foi projetado na Guerra Fria para garantir uma retaliação nuclear mesmo na ausência de comando humano.
A tensão entre os dois países cresceu após Trump estabelecer um prazo de dez dias para que a Rússia aceite um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. Caso contrário, segundo ele, Moscou e seus parceiros comerciais sofrerão sanções adicionais. O governo russo rejeitou a pressão e apresentou termos que Kiev considera inaceitáveis para qualquer acordo de paz.
Medvedev tem se tornado uma das vozes mais duras do Kremlin desde o início do conflito. Com declarações frequentes sobre armamentos estratégicos e ataques ao Ocidente, ele é visto por críticos como provocador, embora analistas digam que suas falas refletem correntes reais da política externa russa. A referência direta ao “Mão Morta” reacende preocupações sobre os limites da retórica nuclear no atual cenário internacional.
O sistema, também conhecido como “Perímetro”, foi desenvolvido para garantir uma resposta automática a qualquer ataque que destruísse os centros de comando da Rússia. Em teoria, ele lançaria ogivas nucleares mesmo sem autorização direta de um ser humano, o que o torna um dos mecanismos mais temidos da estratégia militar global.

A escalada verbal ocorre enquanto Trump tenta articular um acordo entre Rússia e Ucrânia com prazo até 8 de agosto. Ao mesmo tempo, o republicano endureceu sua postura contra países aliados de Moscou, e intensificou suas ações unilaterais, como o tarifaço de 50% contra o Brasil. O impasse com a Rússia adiciona tensão à já instável política externa de seu novo mandato.