Primeiro foi Temer. Agora Eduardo Cunha.
O Brasil de Bolsonaro, que chegou ao poder negando a ‘velha política’, tira da lama duas das figuras mais nefastas da vida pública nacional.
O golpista ressurgiu das cinzas como ‘garoto propaganda’ do semipresidencialismo, uma pasmeceira inventada de última hora como antídoto para a eventualidade de Lula chegar à presidência em 2022.
Em linhas gerais, introduz no cenário político a figura do primeiro-ministro e aumenta o poder do Congresso. Temer alega que seu governo, quando só faltou entregar as calças para o Centrão, é exemplo de que a coisa funciona.
O Estadão usou a figura como garoto propaganda para sustentar a fraude.
Para ter ideia da loucura que é o semipresidencialismo, basta uma constatação: o gabinete do primeiro-ministro seria instalado dentro da Câmara dos deputados. Devemos rir ou chorar?
Agora, Eduardo Cunha.
Após deixar a prisão, o comparsa de Temer no golpe de 2016 também volta aos holofotes.
Cunha articula na Câmara a aprovação da obrigação do voto impresso. É um suspiro para ajudar Bolsonaro a embaralhar as cartas e tentar, mesmo que pela fraude, se manter na presidência.
A próxima sessão da comissão que debate o voto impresso está agendada para 5 de agosto, conta a Folha.
Não será tarefa fácil. Semanas atrás 11 partidos de direita se uniram contra a proposta.
Em se tratando de Brasil, nada deve surpreender.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, acaba de sentar sobre uma montanha de R$ 11 bilhões para distribuir aos deputados da base. Isso mesmo: R$ 11 bilhões.
Com Temer bancando o semipresidencialismo, Eduardo Cunha o voto impresso e Lira liberando a verba tudo pode acontecer.
O Brasil virou um hospício, com Bolsonaro no comando e Temer, Lira e, agora Cunha, na condição de carcereiros dos loucos famintos.
A capacidade de sobrevivência dessa gente é algo para ser estudado com rigor.