Artigo de Noblat mandando Bolsonaro para o inferno é censurado no Metrópoles

Atualizado em 5 de maio de 2025 às 8:57
Noblat: censurado

Neste domingo, 4 de maio de 2025, um artigo do jornalista Ricardo Noblat, publicado no Metrópoles, foi censurado. O texto abordava a recente publicação de Jair Bolsonaro (PL) no X, divulgando uma imagem de seu abdômen aberto, registrada durante uma cirurgia de desobstrução intestinal à qual foi submetido há três semanas. O ex-presidente, na legenda da foto, alegou que pretendia mostrar “como estavam as alças intestinais após o acesso à cavidade abdominal e liberação parcial das aderências”.

Agora aparece o aviso de “Não Achamos Essa Página” ao clicar no link. Ele mudou o título e tirou a ordem para Bolsonaro ir para o inferno.

No artigo, Noblat expressava sua indignação com a atitude de Bolsonaro, classificando a postagem como uma encenação com fins políticos. “Vá para o inferno, Bolsonaro. E não faça por lá o que fez por aqui”, escreveu no título original. O ex-presidente estaria, segundo ele, tentando despertar compaixão com uma exposição grotesca de sua saúde.

O jornalista também acusava Bolsonaro de usar a dor e a doença como estratégias para manipular sua base de seguidores e se apresentar como um mártir. “A exposição da desgraça para despertar piedade, martirizar-se e enganar os trouxas”, escreveu Noblat, referindo-se ao comportamento do ex-presidente como “repulsivo”, “nojento” e “sem escrúpulos”.

Em seu texto, o jornalista relembra o histórico político de Bolsonaro, mencionando sua associação ao vírus que matou mais de 600 mil pessoas durante a pandemia de Covid-19 e sua tentativa de dar um golpe de Estado para abolir a democracia restaurada há apenas 40 anos.

Noblat também refutou o apelo de Bolsonaro por uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, argumentando que o ex-presidente tentava isentar a culpa de seus apoiadores nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Como inocentes? Todos bolsonaristas, eles estavam acampados à porta do QG do Exército. Clamavam por um golpe militar”, afirmou, rejeitando a narrativa de Bolsonaro.

“As seis operações foram aproveitadas por Bolsonaro para construir a imagem de um homem sofrido, capaz de morrer pelo Brasil, mas que não morre porque é invencível. Sem anistia para ele. Sem prisão domiciliar, muito menos à beira-mar, como a de Fernando Collor. Que vá para o inferno. E que não demore muito a ir”.

O artigo foi amplamente compartilhado e gerou reações intensas, mas foi removido do site sem uma explicação oficial sobre o motivo da retirada.