Artista plástico realiza exposição com homenagem a Marielle e Eduardo Suplicy

Atualizado em 10 de dezembro de 2019 às 17:50
Marielle e o quadro que a homenageia
Suplicy na foto que viralizou e no quadro que interpreta a imagem

Era um domingo como outro qualquer quando Eduardo Suplicy descansava de sunga vermelha na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, e viu uma manifestação perto dali. Não teve dúvida. Mesmo em traje de banho, se juntou ao povo e foi fotografado.

Era 27 de maio deste ano, e a manifestação pedia o fim da violência policial contra moradores das favelas e periferia, que no Rio de Janeiro é chamada de subúrbio. A foto viralizou e agora está imortalizada em um quadro do artista plástico Adolfo Caboclo, que inaugura uma exposição no Ateliê Aberto, no bairro da Aclimação, em São Paulo.

Adolfo Caboclo é pós-graduado em Crítica e Curadoria de Arte pela PUC-SP. Além do quadro sobre Suplicy, ele homenageou Marielle Franco, com uma tela em que a vereadora assassinada aparece de microfone em punho e com a mão levantada.

O objetivo dele não é comercializar a obra, mas dar a ela uma destinação que represente o momento político. “É um quadro que não faz muito sentido em ser comercializado. Acredito que ele deve ser utilizado mais como registro histórico. E ser visto”, afirmou.

A inspiração de Caboclo é  muralismo mexicano, que tem em Diego Rivera a maior referência. Rivera que era um artista com posições políticas de esquerda, e abrigou em sua casa o lendário Leon Trotski.

“O registro histórico também é papel do artista”, comentou Caboclo, em entrevista ao DCM.

“Se, por um lado, a ‘Manifestação’, com o Suplicy, passa por questões como o registro através de celulares, a viralização, o lugar do manifestante e, claro, o carisma do Suplicy, já o ‘Marielle e as Mil Bestas’ tem algo mais voltado ao muralismo mexicano mesmo – a lógica de buscar subjetividades mesmo em uma obra figurativa”, acrescenta.

Quando se insiste para que ele defina o caráter político de sua obra, o artista explica: “Acho que isso é subjetivo: impossível para o artista, preso em seu momento histórico, em sua bolha, avaliar sua criação.”

Quem viu os quadros gostou.

O Ateliê Aberto é um espaço pequeno que fica na rua Nilo, 429.

Visitas só podem ocorrer com agendamento prévio, através do e-mail [email protected].

Adolfo Caboclo pinta “Marielle”