
Marília Scarabello, artista plástica que criou colagem com críticas ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teve que apagar suas redes sociais após receber ataques e ameaças. A obra foi exposta na exposição da Caixa Econômica Federal e colocava o deputado em uma lata de lixo ao lado dos ex-ministros Damares Alves (Direitos Humanos) e Paulo Guedes (Economia).
“Estou sendo agredida e desqualificada. As pessoas xingam, ameaçam. Entrei no olho do furacão, mergulhei em um verdadeiro inferno por uma narrativa falsa sobre o meu trabalho”, afirma a artista. Ela diz que “jamais” imaginou uma repercussão tão grande de seu trabalho e que não esperava o cancelamento da exposição.
A exposição foi aberta no dia 17 de outubro e se chamava “O Grito”. Após a reação de políticos do Centrão e ameaças de acionar o Tribunal de Contas da União (TCU), a Caixa cancelou o evento, alegando que o “viés político” feria diretrizes do programa cultural.
“É uma colcha de retalhos. Há manifestações pró-aborto, contra o aborto, pró-Bolsonaro, contra o Bolsonaro, contra o Lula, a favor do Lula. Meu trabalho é quase o de um colecionista. Eu não fabrico as imagens que estão lá”, alega. Ela também diz que não fez uma pré-seleção de colagens, apenas “baixou as imagens, sem critério, misturou e colocou na exposição”.
A mostra cultural trazia obras de sete artistas que tratavam da Independência do Brasil por meio de pinturas, esculturas, videoarte, instalações, desenhos e fotografias. Scarabello foi convidada para expor seu trabalho “Bandeiras”, coleção de imagens que usa o símbolo como forma de protesto.
“Eu percebi que as pessoas pegavam a bandeira do Brasil e manipulavam, inseriam frases no lugar de ‘Ordem e Progresso’, fotografias, charges, desenhos, colagens, para se manifestar”, conta a artista. Ela diz que guarda imagens do tipo e tem uma coleção de mais de 2 mil bandeiras modificadas.
Veja outras imagens do trabalho de Marília Scarabello, intitulado “Bandeiras”:


