
Adolescência (Netflix)
Essa minissérie britânica em quatro episódios, sobre um garoto acusado de matar uma colega de escola, chegou à Netflix numa sexta-feira quase sem alarde. No fim de semana, já era a série mais assistida da plataforma e motivava dezenas de textos sobre o impacto da cultura incel sobre jovens homens. Um projeto visceral do diretor Philip Barantini e do coautor e protagonista Stephen Graham, “Adolescência” começa com policiais invadindo a casa de uma família suburbana comum para prender Jamie Miller, de 13 anos (o estreante Owen Cooper). Cada episódio aborda as consequências do caso sob um ponto de vista diferente — colegas de escola, familiares, autoridades. O terceiro episódio, um confronto entre o adolescente preso e uma psicóloga interpretada por Erin Doherty, é uma aula de tensão contínua. Como em Boiling Point, colaboração anterior de Barantini e Graham, tudo é filmado em um único plano-sequência. Mesmo sem a enxurrada de prêmios que levou em 2025, a série já seria um soco no estômago.
Como um Relâmpago (Netflix)
O roteirista Mike Makowsky transformou um dos episódios mais estranhos da história dos EUA — o assassinato do presidente James A. Garfield, em 1881 — em uma das séries mais envolventes do ano. Baseada no livro Destiny of the Republic, de Candice Millard, a produção acompanha, em quatro episódios precisos, o atentado cometido por Charles Guiteau (Matthew Macfadyen) contra Garfield (Michael Shannon). É uma história sobre obsessão, violência política e culto à celebridade, contada com humor ácido e um desfile de atores coadjuvantes em grande forma.
Dept. Q (Netflix)
Uma das surpresas mais agradáveis do ano, essa série acompanha um grupo de policiais deslocados na Escócia. A versão original é baseada em livros policiais do autor dinamarquês Jussi Adler-Olsen, que inspirou uma franquia de filmes naquele país. Matthew Goode interpreta Carl Morck, um detetive rabugento que retorna ao trabalho após um tiroteio que deixou seu parceiro paralítico. Relegado a um porão cheio de casos arquivados, ele acaba liderando uma equipe improvável. Criada por Scott Frank, a série equilibra suspense e emoção, apostando mais na força dos personagens do que no mistério em si — uma fórmula que promete longevidade.

Pluribus (Apple TV+)
Vince Gilligan, de “Breaking Bad” e “Better Call Saul”, retorna à ficção científica com uma série que prende desde o primeiro episódio. Rhea Seehorn — a namorada de Saul Goodman nas duas outras criações de Gilligan — vive Carol, uma escritora que se torna uma das poucas pessoas imunes a uma pandemia que conecta mentalmente toda a humanidade. Enquanto o mundo abraça uma consciência coletiva pacificada, Carol precisa decidir se vale a pena resistir. A trama cresce de forma sutil, sempre questionando o valor da individualidade.
Severance (Apple TV+)
Após uma longa espera, a segunda temporada de “Severance” expandiu o mistério da empresa Lumon e aprofundou o drama emocional de seus personagens. Ao explorar as vidas “externas” dos funcionários, a série ampliou sua carga trágica e visualmente impressionante, entregando algumas das imagens mais marcantes do ano.
Task (HBO)
Brad Ingelsby volta à Pensilvânia para contar uma história sombria, mas surpreendentemente delicada. A série acompanha dois homens em rota de colisão: um lixeiro que lidera uma quadrilha de assaltos e um policial devastado por uma tragédia pessoal. Apesar do tom pesado, Task encontra espaço para humanidade e termina de forma inesperadamente esperançosa. Mark Ruffalo dá um show de interpretação.
The Chair Company (HBO)
Tim Robinson cria mais um protagonista obcecado pelo absurdo. Após cair de uma cadeira defeituosa durante uma apresentação, um executivo mergulha numa espiral de paranoia. O resultado é uma comédia surreal, cheia de imagens bizarras e mistério improvável — uma obra-prima do estranho.

The Pitt (HBO Max)
Contra todas as expectativas, “The Pitt” revitalizou as séries de médico. A primeira temporada acompanha, em tempo quase real, um turno de 15 horas em um hospital de trauma em Pittsburgh. Sem melodrama excessivo, a série destaca problemas reais do sistema de saúde e transforma profissionais comuns em heróis discretos.
O Ensaio (HBO)
Nathan Fielder conseguiu tornar sua série ainda mais estranha na segunda temporada. Desta vez, o foco é a aviação, explorada por meio de simulações absurdas, competições falsas e até a pilotagem de um avião real. Um experimento televisivo que desafia qualquer tentativa de descrição convencional.
O Estúdio (Apple TV+)
Seth Rogen e Evan Goldberg satirizam Hollywood com afeto e crueldade na medida certa. A série acompanha um chefe de estúdio idealista tentando sobreviver a um sistema cínico, usando participações especiais e situações constrangedoras para lembrar que o cinema é, antes de tudo, um negócio. Engraçada, ácida e surpreendentemente fresca.