As aventuras muito loucas do post sobre Messi na Internet

Atualizado em 4 de setembro de 2013 às 13:52

Ou: como nosso colunista virou um meme de si mesmo.

messi meme

A grande repercussão que teve a matéria sobre o autismo do Messi me proporcionou uma experiência edificante. É verdade que não me surpreendeu nem um pouco o fato de meu texto ter sido reproduzido, muitas vezes sem mencionar a autoria, em inúmeros blogs e sites Brasil afora. Mas tive de exercer minha resignação e generosidade num grau que até mesmo eu desconhecia.

Recebi títulos e promoções que valorizaram meu currículo. Num site chamado DM, por exemplo, (http://www.dm.com.br/texto/142462-messi-a-exemplo-de-superaaao-para-portadores-de-autismo), fui apresentado como “neuropediatra”, ainda que a faculdade de medicina não tenha me aceitado como aluno — até por que nunca tentei. Também meu modesto site Poucas Palavras, em que reproduzo a matéria originalmente publicada aqui, foi promovido a “livro” no R7 (http://esportes.r7.com/futebol/genio-da-bola-messi-foi-diagnosticado-com-autismo-quando-crianca-revela-escritor-03092013) e em muitos  outros que copiaram o erro, como um tal de PBAgora (http://www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20130903145246&cat=esportes&keys=lionel-messi-sofre-autismo). Será que devo aproveitar a repercussão para de fato escrever um livro com o nome de Poucas Palavras?

José Luiz Tejon, do site da Exame, foi bacana (http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/cabeca-de-lider/2013/08/28/messi-a-superacao-de-um-autista/). Entrei em contato com ele para dizer algo como “meu caro, imita mas não copia. Você usou frases idênticas às do meu texto”. E depois de uma troca de emails mais educadas do que divertidas, ele me “compensou”, para eu poder dormir feliz, citando-me em outro texto (http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/cabeca-de-lider/2013/08/30/sensitividade-e-foco-messi-temple-grandin-e-lideres-autistas/).

Já em outro site, Testosterona Sports, fiquei de fato feliz porque ganhei um nome chique (embora não tenha nada contra o meu). O texto é reproduzido integralmente e assinado por Jean Vieira (http://www.testosteronasports.blog.br/2013/09/01/como-o-autismo-ajudou-messi-a-se-tornar-o-melhor-jogador-do-mundo/). Puxa, eu sempre quis ter um nome de origem francesa.

Bom mesmo foi poder rir um pouco da insanidade alheia, já que da minha própria eu cansei.  No Portal do Vale Tudo (http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=162048) o meu texto sofre uma pequena e insignificante alteração: o nome de Messi é substituído por um tal de Fedor, supostamente um lutador de MMA. Quem disse que o jornalismo também não pode ser criativo?

Criatividade mesmo foi a da jornalista Sabrina Grimberg do site Extra (http://extra.globo.com/famosos/retratos-da-bola/sobrinho-de-jorge-amado-banca-que-lionel-messi-sofre-de-autismo-vira-polemica-se-ele-quiser-me-processar-que-va-provar-na-justica-9741722.html), que fez uma manchete de três linhas evocando meu parentesco com Jorge Amado — que, certamente, além de romancista, deve ser uma autoridade em autismo, capaz de atestar minhas afirmações.

Alysson Cardinalli, do site O Dia (http://odia.ig.com.br/esporte/2013-08-28/vitima-da-sindrome-de-asperger-messi-derrota-a-doenca-para-vencer-na-vida.html) reproduziu frases do meu texto e das minhas fontes, mas fez depois de entrar em contato comigo e pedir autorização. “Sim, meu caro, pode copiar tudo”, eu disse sem hesitar. Afinal, garanto a todos, ser copiado pode ser uma experiência edificante. Eu sou um meme de mim mesmo.