As condições de Trump para liberar o visto de Padilha para a Assembleia da ONU

Atualizado em 18 de setembro de 2025 às 18:55
Alexandre Padilha, ministro da Saúde. Foto: reprodução

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu autorização para participar da Assembleia-Geral da ONU, mas o governo de Donald Trump decidiu impor limites rígidos à sua circulação em Nova York.

Segundo a Folha de S.Paulo, integrantes do governo estadunidense afirmaram que o visto concedido é acompanhado da determinação de que o ministro e familiares que o acompanham não ultrapassem cinco blocos do hotel em que estarão hospedados. A regra ainda restringe os deslocamentos às rotas entre o hotel, a sede da ONU, a missão diplomática brasileira e a residência do embaixador.

De acordo com essas mesmas fontes, o Itamaraty será notificado formalmente da medida. Trata-se de uma forma de manter o ministro sob vigilância, ainda que sua presença tenha sido autorizada para eventos oficiais. A decisão ocorre semanas depois de Trump ter revogado o visto de entrada de Padilha, de sua esposa e da filha de 10 anos, como retaliação ao programa Mais Médicos, criado quando ele comandava a pasta pela primeira vez, em 2013.

Naquele momento, Padilha não foi afetado diretamente porque seu visto já havia vencido em 2024, mas a restrição o impedia de obter uma nova autorização. O governo brasileiro apresentou em 19 de agosto um novo pedido para garantir sua participação em compromissos internacionais.

O primeiro deles está marcado para o dia 29 de setembro, em Washington, durante reunião da Organização Pan-Americana de Saúde. O segundo será a Assembleia-Geral da ONU, que terá início no dia 23 em Nova York, com um encontro de alto nível sobre doenças crônicas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Carlos Barria/Reuters

Além de Padilha, outros ministros também tiveram a situação regularizada. Fernando Haddad, da Fazenda, obteve visto para compromissos oficiais, assim como Ricardo Lewandowski, da Justiça. No caso de Lewandowski, a autorização anterior havia sido suspensa, mas foi restituída especificamente para viagens diplomáticas.

Segundo informações publicadas pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, diplomatas avaliaram que a concessão dos vistos foi um gesto de que os Estados Unidos não desejam ampliar as tensões com o Brasil neste momento, apesar da retórica dura de Trump e de assessores da Casa Branca.

Mesmo com o visto liberado, Padilha afirmou que ainda não definiu se participará dos encontros internacionais. Em entrevista nesta semana, disse que sua prioridade imediata é acompanhar no Congresso a tramitação da medida provisória “Agora Tem Especialistas”. “Esse negócio do visto eu tô igual aquela música: ‘Tô nem aí’, sabe? Vocês tão mais preocupados com o visto do que eu, certo? Tô nem aí. Eu acho que só fica preocupado quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos”, declarou.

O ministro também afirmou que a decisão de integrar a comitiva presidencial a Nova York dependerá do ritmo das votações no Legislativo.

“Na condição de ministro da Saúde, fui convidado a participar da sessão de ministros da Saúde que acontecerá na Assembleia Geral da ONU. Também recebi convite do conselho da OPAS, cuja reunião será logo depois, em Washington”, disse Padilha. “Ainda não decidi se participarei, pois estou acompanhando a votação da medida provisória ‘Agora Tem Especialistas’ no Congresso Nacional. A votação ocorreu na semana passada e foi aprovada por unanimidade. Agora, estamos trabalhando para que seja votada esta semana no plenário da Câmara e, na semana seguinte, no Senado. Por enquanto, minha dedicação é totalmente a essa pauta”.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.