As críticas à Kéfera por ter respondido um machista estão indo longe demais. Por Stephanie Ribeiro

Atualizado em 18 de dezembro de 2018 às 18:00
Kéfera debateu sobre o feminismo no ‘Encontro’ — Foto: TV Globo

Publicado originalmente na fanpage da autora no Facebook

POR STEPHANIE RIBEIRO, escritora e feminista negra

O pessoal para criticar a Kéfera Buchmann em relação a sua resposta a um homem machista está indo longe demais, sim ele é machista, e se você tem dúvidas é só ir no perfil dele em que ele zomba feministas e compartilha matérias dizendo que uma feminista inventou uma denúncia de estupro. Kérera teve condutas passadas que não são defensáveis de forma alguma, contudo tem gente indo tão longe e compartilhando falas de que ela exagerou, que ela queria aparecer. Ninguém deveria cair nessa de tratar uma mulher como HISTÉRICA, por ela ter respondido a uma situação que se sentiu desconfortável. Lembrando que foi uma escolha do programa dar voz aquele homem, para criar uma situação de quem nem todo mundo concorda com o feminismo. Programas de TV deveriam conscientizar mais sobre essa temática e não trata-lá de forma rasa.

Kéfera respondeu como achou que deveria, podemos debater o uso de estrangeirismo. Mas eu vejo desvalidações vindas de mulheres que estão me chocando, vocês preferem compartilhar um vídeo feito por um homem, com viés também machista, do que perceber que estão alimentando algo que também silencia vocês. Pois toda vez que tentamos trazer uma pauta que soa importante para nós, independente do nível de violência que ela represente, somos tratadas como exageradas histéricas que querem aparecer.

Não alimente esse monstro. Melhor dizendo, não alimente esses homens que querem desvalidar um movimento social de séculos a todo custo, seja em tom de piada, seja na crítica em frente as câmeras ao feminismo, porque uma mulher não respondeu o que ele queria com um sorriso no rosto.

PS: por mais que esses termos que ela citou tenham sido calcados por mulheres brancas, que se viam em situações de machismo em seus ambientes de trabalho. Não podemos esquecer que interromper mulheres, ou explicar como deveríamos ser, agir, pensar e até nosso trabalho para nós, é corriqueiro de homens de diferentes classes sociais.