As engrenagens da sofrência bolsonarista. Por Moisés Mendes

Atualizado em 28 de maio de 2022 às 12:30
Gusttavo Lima. Imagem: Reprodução.

Por Moisés Mendes

O jornalismo está devendo a pauta do que pode ser o maior rolo do meio ‘cultural’ da era bolsonariana. Precisamos saber mais dos esquemas de certos sertanejos com prefeituras de todas as regiões do país, principalmente do Norte e do centro-oeste.

Não basta informar que muitas duplas mamam no dinheiro público, em conluio com prefeitos da direita, enquanto atacam a Lei Rouanet. Isso já se sabe. É preciso entrar nas engrenagens de um esquema que tem todos os indícios de ser criminoso.

Só os sertanejos ganham com os patrocínios? As grandes organizações de mídia, principalmente a Globo, que têm o rabo preso com esse pessoal, serão capazes de entrar no pântano do mundo da sofrência da extrema direita para ajudar a desvendar seus rolos?

Nesta sexta-feira, noticiaram que o Ministério Público de Minas Gerais está fazendo uma investigação preliminar sobre a contratação de um show do bolsonarista Gusttavo Lima (foto) por R$ 1,2 milhão em Conceição do Mato Dentro, cidade a 163 quilômetros de Belo Horizonte.

O mesmo bolsonarista já está sendo investigado pelo Ministério Público de Roraima por ter sido contratado pela cidade de São Luiz, de apenas 8 mil habitantes, por R$ 800 mil.

Gusttavo Lima também teria recebido R$ 1 milhão da prefeitura de Magé, no Rio. Já está comprovado que em alguns casos as prefeituras desviam dinheiro da saúde e da educação para pagar os cantores de sofrência. Lima é apenas um deles.

Os sertanejos bolsonaristas podem não estar ganhando sozinhos. Ganham os prefeitos (tem rachadinha?), os intermediários e outros envolvidos em esquemas milionários. Gusttavo Lima aparece como um dos grandes arrecadadores de verbas municipais.

Enquanto atacam a Lei Rouanet e pisoteiam em artistas que dependem de subsídios, como em qualquer parte do mundo, para que continuem trabalhando, os cantores da sofrência bolsonarista estão ficando ainda mais ricos. Com o dinheiro de prefeituras de cidadezinhas pobres.

Já seria imoral que municípios miseráveis paguem fortunas a duplas que cantam o que existe de pior e mais machista na música brasileira em todos os tempos. É criminoso que muitas dessas verbas sejam liberadas em esquemões armados com a extrema direita no poder.

O mundo sertanejo, financiado pelo agro é pop da Globo, estaria financiando o bolsonarismo no Brasil?

Há evidências de que a pilantragem se alastrou nesse meio, com a participação de máfias municipais muito bem organizadas. E tem gente de esquerda que escuta esses caras.

(Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes)

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