As imagens da Cracolândia não mostram a violência da GCM momentos antes da revolta. Por Paulo Silva

Atualizado em 10 de dezembro de 2020 às 20:05
Cracolândia viraliza nas redes com vídeos de arrastões em SP . Foto: Reprodução/Twitter

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O que não se comunica nas imagens da Cracolândia, distribuídas na televisão e redes sociais é a violência descomunal desferida pela GCM nos momentos anteriores,que geraram a revolta. Pessoas sendo bombardeadas por onde iam em meio a maior tempestade de granizo que já vi em SP. Nunca vi uma atuação mais desumana do que a da GCM hoje, nessa terça do vendaval.

Estou morando fazem 7 meses no alto de um prédio no território da Cracolândia, Bairro da Luz, Campos Elísios, Sta. Ifigênia, ao lado da Sala São Paulo ou como queiram chamar. Qualquer grupo humano alvejado por onde fosse, em pleno temporál, se revoltaria e se revoltou.

Não se fala do bombardeio a esmo de granadas, gás lacrimogênio e balas de borracha que teve início as 12h54.

Acompanhei ao longo dessa pandemia diversos conflitos visíveis no território, com uso de artefatos bélicos e as coreografias da movimentações das várias polícias. Da Guarda Civil, da polícia militar, e até da civil. Com canil, drones, viaturas, bases móveis, ou da cavalaria, ROCAM, força tática e até de uma visita de carros e caminhão do exército que passaram no território em data comemoraiva de algo.

Todos os conflitos que envolverem a multidão reunida no fluxo da Craco, se fizeram perceptíveis apartir de uma bomba disparada pela GCM, que logo seguida por outra, e, logo dispáros de gás lacrimogênio, seguidos de bala de borracha em direção a multidão.

Para em seguida haver atuação ou não da PM. Apenas um conflito que testemunhei foi iniciado pelo fluxo da Cracolândia, atirando com rojões contra a GCM no horário de troca de rua para a limpesa, dois dias após uma repressão forte das polícias no território.

Nessa terça as forças policiais da GCM já estavam com um grande efetivo no bairro, posicionados no entorno da concentração do Fluxo.

Quando houve o primeira bomba, logo seguida de outra, a multidão começou a se dispersar no sentido contrário deixando tudo pra trás com as lonas pretas. Todo dia o movimento sai da Alameda Dino Bueno para a Alameda Cleveland. É um processo de smontar as barracas e montar denovo. Mas hoje, antes da hora combinada a GCM atirou derrepente em toda a multidão desprevinida reunida.

No segundo estampido das bombas corri pra sacada e logo vi uma dispersão de centenas de pessoas saindo desesperadas. Vi o comando da GCM que havia atirado as bombas e já lancado gás lacrimogênio e em seguida atirando balas de borrachas. e logo um outro comando vindo pela rua transversal com outro efetivo grande já preparad pra atuar no palco de guerra.

Isso tudo 15 minutos antes da tempestade que já se anunciava no horizonte. O grupo fugindo dos dispáros foi levad pra Praça Pricesa Isabel, lá foram novamente alvejados por bombas e forçados a voltar aonde estavavam e novamente bombardeados aonde quer que fosse. Foi quando se somou o som dos trovões e logo da chuva e logo de um vendaval de granizo como nunca havia visto ao longo da minha vida nascido em SP. Lufadas de vento muito forte, com pedras de granizo do tamanho dos gêlos de forminhas de geladeira , que com um vento descomunal atravessavam na diagonal. Enquanto alguns moradores de rua tentavam se abrigar em qualquer lugar, com os guardachuvas sendo dividido ao máximo, a GCM atacando granadas em quem não esboçava nenhum movimento. E ao dispersar para uma direção da rua receberem bombas do outro sentido, sem ter pra onde ir.

Muito difícil descrever tudo o que aconteceu, falar a respeito. Mas escutar bombas em meio aos trovões no bairro e balas de borracha em meio a chuva de pedras, foi um nível abaixo da humanidade, mais deplorável atuação que já vi por parte da GCM.

Estou estarrecido como está sendo propagado nas redes e televisão ignorando completamente a desproporção da violência desferido pela GCM contra o Fluxo da Cracolândia antes do material propagado. Segundo ataque ao território em 8 dias passadas as eleições.