As melhores adaptações literárias para o cinema de 2014

Atualizado em 16 de dezembro de 2014 às 21:48

BOA PARTE DA EQUIPE DO CINEMA DE BUTECO É FORMADA POR LEITORES VORAZES. Alguns até possuem pés gigantescos e peludos ou acreditam serem capazes de executar feitiços enquanto andam pelas ruas (ou ficam bêbados no Skype). Esse amor pela literatura reforça a nossa alegria a cada vez que uma adaptação é anunciada, especialmente quando se trata de um autor ou autora a que apreciamos muito. Longe de querer entrar na velha discussão “mas o livro é sempre melhor”, nós simplesmente selecionamos algumas das principais adaptações literárias que foram levadas para os cinemas em 2014.

Qual a sua favorita?

A Culpa é das Estrelas

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Baseado em: A Culpa é das Estrelas, de John Green
John Green pode ser considerado como uma espécie de versão norte-americana do inglês Nick Hornby, mas com uma pegada bem direcionada para o público adolescente. Aliás, se tem uma coisa que Green entende é de como se comunicar com o povo mais novo. Não é por acaso que se tornou um dos autores mais vendidos da atualidade. Para muitos, esse sucesso pode indicar a falta de qualidade no texto, mas a verdade é que Green escreve para jovens, como se fosse parte da turma. Ele sabe capturar muito bem a essência adolescente e transforma isso em texto de uma maneira brilhante. A adaptação do best-seller A Culpa é das Estrelas arrecadou uma verdadeira fortuna em bilheterias ao redor do mundo, além de arrancar lágrimas compulsivas de meninos e meninas nos cinemas.
Tullio Dias

Uma Longa Queda

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Baseado em: Uma Longa Queda, de Nick Hornby
Nick Hornby é o cara que escreveu Alta Fidelidade, o livro que deveria ser considerado como a bíblia de homens e mulheres modernos. Além de Uma Longa Queda e Alta Fidelidade, Febre de Bola (duas vezes) e Um Grande Garoto são os outros livros que já ganharam as telonas. Muito fiel ao clima e espírito do autor, o longa-metragem baseado em Uma Longa Queda vale a recomendação por abordar de maneira leve, mas sem fazer pouco caso, o suicídio. Assim como no livro, a abordagem com pitadas de humor tenta suavizar os efeitos da depressão na cabeça desse inusitado grupo de amigos.

Se Eu Ficar

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Baseado em: Se Eu Ficar, de Gayle Forman
Confissão importante para ser feita: através do trailer da adaptação fiquei com uma “leve” impressão de que se trataria de uma daquelas produções cujo único objetivo é fazer com que o espectador assoe o nariz nas mangas da camisa da namorada ou namorado. Ou nas próprias, vai saber as preferências de cada um. Nada contra esse tipo de filme, afinal de contas cresci assistindo Steven Spielberg, mas parecia também que se tratava de uma bomba. Felizmente, Se Eu Ficar acerta na dose de drama e sofrimento. Provavelmente arrancará uma ou outra lágrima furtiva das criaturas mais cínicas e duronas.

Maze Runner – Correr ou Morrer

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Baseado em: Maze Runner – Correr ou Morrer, de James Dashner
Franquias de sucesso na literatura possuem lugar garantido na lista de interesses dos estúdios de Hollywood. Especialmente após os fenômenos Harry Potter e Crepúsculo, quando o hábito se tornou uma verdadeira mina de ouro para os executivos. Maze Runner – Correr ou Morrer é o primeiro de cinco livros, que provavelmente chegarão aos cinemas ao longo dos próximos anos.

Garota Exemplar

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Baseado em: Garota Exemplar, de Gillian Flynn
Após a leitura do best-seller de Gillian Flynn (que inclusive escreveu o roteiro da adaptação) percebe-se a qualidade da direção e montagem de Garota Exemplar. David Fincher e sua equipe foram brilhantes ao conseguir transpor para as telas a diferença entre as visões de Nick e Amy, como ficou bem destacado na crítica. Como não podia deixar de ser, no livro percebemos maiores detalhes sobre as características de cada personagem, coisas que são apenas sugeridas no longa-metragem. Ler o livro após assistir ao filme comprova a eficiência técnica da produção e eleva a sua qualidade para um dos 10 melhores lançamentos do ano.

Refém da Paixão

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Baseado em: Fim de Verão, de Joyce Maynard
Jason Reitman revelou interesse em adaptar Labor Day ainda em 2009, ano em que Joyce Maynard lançou o livro nas lojas. Demorou um tempinho até a produção finalmente ficar completa e chegar aos cinemas. Estrelado por Kate Winslet e Josh Brolin, o longa-metragem retrata um curto período de tempo em que uma mãe solteira e seu filho foram mantidos como “refém” de um fugitivo da justiça. O que poderia ter sido marcado como um tempo de agressões, medo e violência se transformou na melhor lembrança de infância da família e que mudou para a sempre a vida dos três envolvidos.

Quando eu Era Vivo

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Baseado em: A Arte de Produzir Efeito Sem Causa, de Lourenço Mutarelli
O amor está tanto no pragmatismo dos atos corriqueiros quanto nos atos subversivos e extraordinários? O quão subversivo é estar aberto a trocar amor hoje em dia, num mundo tomado por pragmatismos? E quando você precisa de ajuda? De qual ajuda você realmente precisa? Da pragmática? Da subversiva? Bom mesmo é o equilíbrio – e a depressão é o maior apelo psicológico de quem busca manter-se de pé diante das intempéries da vida. A adaptação de Marco Dutra para A Arte de Produzir Efeito Sem Causa enxuga circunstâncias mais agressivas do livro de Mutarelli para revelar aos poucos a verdadeira origem do terror do protagonista, a exemplo (inclusive tecnicamente) da safra de filmes orientais da geração 2000, tais como Ringu e Água Negra, de Hideo Nakata. Ao contrário destes, porém, o mal aqui não é o que se pensa, tampouco precisa ser exorcizado. A invocação do demônio contra a autossabotagem divina clama por salvação: busca o retorno de um pai que consiga novamente olhar os seus com ternura.
Leonardo Francini

O Homem Duplicado

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Baseado em: O Homem Duplicado, de Jose Saramago
Depois do indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro Incêndios, o canadense Denis Villeneuve caiu nas graças do público e também da crítica. Dirigiu “Os Suspeitos” e repetiu o trabalho com Jake Gyllenhaal na adaptação de O Homem Duplicado, de José Saramago. O filme conta a história de um professor de história que descobre um sósia e consegue envolver sua namorada e a esposa do segundo em uma sequência de acontecimentos inesperados. A escrita de Saramago pode aparentar uma dificuldade na transposição da história, mas, exceto a alternância da importância de alguns personagens, a adaptação representa bem a essência da história do escritor. Além disso, O Homem Duplicado é um daqueles filmes que podem parecer não ser uma grande história, mas surpreende com as consequências do que parecia ser inofensivo.
Graciela Paciência

O Congresso Futurista

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Baseado em: O Congresso Futurológico, de Stanislaw Lem
O Congresso Futurista é uma adaptação do romance do mestre da ficção científica polonês Stanislaw Lem (Solaris). O roteiro de Ari Folman utiliza apenas alguns elementos do livro para sustentar a história, mas o adapta de uma forma visual muito interessante. O protagonista do livro, Ijon Tichy, é substituído no filme por Robin Wright, a atriz que viveu a Jenny de Forrest Gump. É importante salientar que ela interpreta ela mesma no filme, uma atriz com um grande potencial e que praticamente jogou sua carreira fora a partir de decisões ruins.
Os conceitos de ficção científica e principalmente, as conseqüências deles nas vidas das pessoas não são novidade, mas a forma como foram representados na tela grande são sim novidade e vão levar o expectador por uma viagem profunda pela mente humana. Entre as tecnologicas mostradas no filme temos a representação digital de atores, que já é realidade com o falecido Philip Seymour Hoffman em Jogos Vorazes – A Esperança parte 1. Ainda são dignos de destaque, a atuação da própria Robin Wright e dos ilustres coadjuvantes Harvey Keitel e Paul Giamatti.
Leonardo Lopes Carnelos

A Menina Que Roubava Livros

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“Como leitor fiquei numa mescla de frustração com alegria pelas escolhas da produção. Existem modificações chatas na trama, mas no geral o roteiro é bem leal ao trabalho de Zusak. A mãe adotiva de Liesel deixa de ser uma figura curiosa (imaginem uma versão alemã sem tanta graça da Dona Hermínia, de Minha Mãe é Uma Peça) e se torna apenas uma mãe comum. E nem precisamos falar do momento ridículo e adolescente em que Liesel diz que irá fugir. Uma invenção do roteiro que é descartada com a mesma facilidade em que surge. Seria injusto dizer que todas as modificações (as que me recordo, pelo menos) foram ruins: em determinado momento do livro, a pequena orfã encontra uma cópia de O Dar de Ombros, que é substituído no livro por O Homem Invisível, de H.G. Wells. Uma escolha acertada para fazer a metáfora introdutória do judeu Max. E somente essa alteração é digna de nota.”
Tullio Dias