As melhores frases de Moraes ao condenar Bolsonaro e sua “organização criminosa”

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 16:29
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes durante a leitura de seu relatório no julgamento da trama golpista, nesta terça (9). Foto: Agência Brasil

“Não é mensagem de um delinquente do PCC”, “não é conversa de bar”, “meu querido diário”: o voto do ministro Alexandre de Moraes no julgamento da trama golpista trouxe frases fortes e críticas diretas à conduta de Jair Bolsonaro e seus aliados. Moraes leu seu voto na manhã desta terça-feira, usando ironia em diversos trechos para evidenciar o que considera provas claras de tentativa de golpe de Estado.

“Não é uma mensagem de integrante do PCC”

No início do voto, Moraes comentou sobre mensagens trocadas entre Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e Bolsonaro:

“Isso não é uma mensagem de um delinquente do PCC para outro. É uma mensagem do diretor da Abin para o presidente da República. A organização criminosa já iniciava atos executórios para se manter no poder e afastar o controle judicial previsto constitucionalmente”.

“Não consigo entender como alguém pode achar normal…”

O ministro afirmou que não é aceitável que um general ou ministro do governo registre planos golpistas:

“Não consigo entender como alguém pode achar normal em uma democracia, em pleno século 21, uma agenda golpista”.

Ele criticou a defesa de Augusto Heleno, que dizia se tratar apenas de um “suporte de memória”, e apontou que os documentos de Ramagem, como o arquivo “Bom Dia, Presidente”, buscavam mobilizar as Forças Armadas contra a Justiça Eleitoral.

“Isso não é conversa de bar”

Moraes também citou falas públicas de Bolsonaro durante o 7 de Setembro, quando o então presidente atacou ministros do STF:

“Não é conversa de bar, não é conversa com um amigo no clube. É o presidente no 7 de Setembro, instigando pessoas contra o STF”.

“Fez barquinho de papel”

O ministro ironizou a defesa do general Mário Fernandes sobre o documento do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa assassinatos de autoridades para manter Bolsonaro no poder:

“Não é crível achar que Mário Fernandes imprimiu o documento, foi ao Palácio do Alvorada, passou uma hora lá e fez barquinho de papel com a impressão. Isso seria ridicularizar a inteligência do tribunal”.

“Tentativa de retorno à colônia”

Moraes avaliou a reunião de Bolsonaro com embaixadores em julho de 2022 como uma tentativa de internacionalizar a narrativa golpista:

“Essa reunião talvez entre para a história como um dos momentos de maior entreguismo nacional, preparando o terreno para um retorno à posição de colônia, mas não mais em Portugal”.

Bolsonaro e Moraes se cumprimentam em cerimônia no TST (Tribunal Superior do Trabalho), em 2022. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

Golpistas não se “autocolocam” no banco dos réus

O ministro ressaltou que, se o golpe tivesse tido sucesso, seriam as instituições que estariam sob julgamento:

“Ninguém na História viu golpista que deu certo se autocolocar no banco dos réus. Quem estaria lá seriam as instituições democráticas”.

O risco das Forças Armadas

Moraes destacou o perigo de envolvimento das Forças Armadas nos planos golpistas:

“Todas as vezes que atenderam ao chamado de grupos políticos, tivemos golpe, estado de exceção ou ditadura. Aqui já se via o andamento dos atos executórios do golpe, em unidade com Augusto Heleno”.

Bolsonaro liderou a organização criminosa

O voto concluiu afirmando que não há dúvidas sobre a tentativa de golpe:

“Jair Messias Bolsonaro deu sequência à estratégia golpista estruturada pela organização criminosa, sob sua liderança, para colocar em dúvida o resultado das eleições, obstruir a Justiça Eleitoral e manter seu grupo no poder, independentemente do resultado das urnas”.

Moraes foi o primeiro a apresentar voto no julgamento de Bolsonaro, Ramagem, Augusto Heleno e outros seis militares ou ex-integrantes do governo, todos acusados de tentativa de golpe de Estado.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.