As origens dos fuzis usados pelo Comando Vermelho no Rio

Atualizado em 3 de novembro de 2025 às 6:45
Homem armazena fuzis fabricados clandestinamente. Foto: reprodução

A Polícia Federal identificou fábricas clandestinas em São Paulo e Minas Gerais responsáveis pela produção e fornecimento de fuzis para o Comando Vermelho, principal facção criminosa do Rio de Janeiro. Segundo investigadores, o esquema envolvia um complexo sistema de montagem, contrabando e distribuição de armas, que também abastecia grupos criminosos na Bahia e no Ceará.

De acordo com informações divulgadas pelo “Fantástico”, da TV Globo, a fábrica mineira teria fornecido cerca de mil fuzis para as facções cariocas.

Já em São Paulo, os agentes federais apreenderam aproximadamente 150 fuzis prontos, além de 30 mil peças que seriam utilizadas na fabricação de armamentos. A estrutura da oficina ilegal, localizada em Santa Bárbara d’Oeste, possuía capacidade para produzir até 3.500 fuzis por ano.

O delegado Samuel Escobar, da Polícia Federal, afirmou que o local possuía uma “planta industrial profissional” e utilizava pelo menos 11 equipamentos de precisão avaliados em milhões de reais.

Para despistar as autoridades, a empresa operava com um CNPJ registrado como fabricante de peças aeronáuticas. “Era uma estrutura de grande porte, disfarçada sob uma fachada legal”, afirmou o delegado.

O proprietário da fábrica, identificado como o piloto de avião Gabriel Carvalho Belchior, está sendo procurado pela Interpol.

Segundo a investigação, ele teria fugido para os Estados Unidos, de onde enviava fuzis desmontados dentro de caixas de piscinas infláveis e outras mercadorias. O material era despachado de uma casa alugada na Flórida e remetido ao Brasil como carga regular.

Em agosto, a Receita Federal interceptou uma remessa com fuzis ocultos em meio às encomendas. A descoberta levou à inclusão de Belchior na lista internacional de procurados.

A Polícia Federal prendeu Rafael Xavier do Nascimento em flagrante, na Via Dutra, enquanto transportava 13 fuzis para o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo a PF, o armamento vinha das fábricas clandestinas e seria entregue a criminosos do Comando Vermelho e também a milicianos.

No Rio, o principal alvo da investigação é Silas Diniz Carvalho, apontado como distribuidor das armas de Belchior para as facções. Ele foi preso em 2023 com 47 fuzis em um apartamento na Barra da Tijuca e mantinha uma segunda fábrica em Belo Horizonte.

“Parecia uma fábrica normal, comum, uma fábrica de móveis, de esquadrias, de portas, mas dentro dela havia toda a operação ilícita”, disse o delegado Escobar à TV Globo.

As investigações mostram que o armamento do Comando Vermelho era produzido com peças de alta precisão, parte delas importada ilegalmente. As armas seguiam para o Rio por meio de rotas terrestres e, em alguns casos, transportadas em compartimentos ocultos de caminhões

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.