As pesquisas registram o início da volta da democracia no Brasil. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 11 de setembro de 2018 às 19:55
Fernando Haddad. Foto: Divulgação/Twitter

A pesquisa Datafolha divulgada na noite dessa segunda (10) registrou o início da volta da democracia no Brasil a reboque de sua expressão maior: a vontade popular.

É preciso um nível de desconhecimento político e eleitoral gritante para não reconhecer os números divulgados como o primeiro grande passo para que o projeto de governo usurpado naquele grande acordo nacional seja devolvido aos seus legítimos postulantes.

Para muito além do fracasso do “providencial” atentado sofrido por Jair Bolsonaro, foi a ascensão de Fernando Haddad o fato mais importante de todo o cenário retratado.

Que Haddad tenha alcançado a maior taxa de crescimento entre todos sem que sequer houvesse sido oficializado como o único e legítimo candidato a presidente apoiado por Lula, já é algo que realmente impressiona.

Se considerarmos além disso que os seus atuais 9% representam na verdade um aumento real de 125% nas suas intenções de votos registrada pelo mesmo instituto a apenas 19 dias antes, é definitivamente uma façanha digna para poucos.

Mas ainda mais importante do que os fatos já consumados, é a projeção do que ficou escancarado nos demais dados da pesquisa.

Segundo o Datafolha, nenhum outro candidato possui mais eleitores com a certeza de seu voto do que o candidato do PT. Nada menos do que 33% dos eleitores afirmam votarem “com certeza” no candidato apoiado pelo ex-presidente Lula. Outros 16% dizem que “poderiam votar”.

Somados, o potencial de votos em Haddad pode chegar a 49% do total de votos válidos. Trata-se de um capital político incomparável.

E aqui é preciso abrirmos um parêntese.

Como apontado pelo Datafolha, Lula, impedido ilegal e antidemocraticamente de participar das eleições, possui uma avalanche de votos à espera de um candidato.

O que a pesquisa revelou mostra apenas a ponta do iceberg. Tomando como base a pesquisa Datafolha realizada em 22 de agosto, nada menos do que 51% dos eleitores ainda não sabiam quem era o candidato apoiado por Lula.

Como se vê, a campanha para Haddad, que já figura empatado tecnicamente em segundo lugar com Ciro, Marina e Alckmin, só começou na verdade hoje (11) com a oficialização de sua chapa.

Alterada a candidatura da coligação para Haddad presidente, Manuela D’Ávila vice, junto ao TSE, o substituto legítimo de Lula poderá finalmente se declarar como tal e se apresentar à grande massa de brasileiros que ainda se informam basicamente pela TV.

Diga-se de passagem, ninguém menos do que os eleitores com menor renda salarial e justamente os que mais foram beneficiados pelas políticas de inclusão social da era Lula.

Por todo o exposto, a partir de hoje (11) Haddad se materializa não apenas como a única oportunidade real para a volta da democracia no Brasil a partir de eleições legítimas.

Para além disso, sua candidatura representa a única e verdadeira forma de reparação para a tragédia antidemocrática que se instalou no Brasil a partir do golpe de 2016.

Absolutamente nenhuma outra candidatura representa com mais fidelidade o projeto de governo aprovado nas urnas em 2014 do que Haddad e Manu.

Portanto, é dever moral de todos aqueles que tiveram seus votos rasgados em praça pública, reestabelecer a justiça, a ordem e o progresso num país devastado pelo abuso, pela arbitrariedade e pela intolerância.

Comprovado que Jair Bolsonaro não ganha de absolutamente ninguém no segundo turno, cabe tão somente a nós, progressistas e de esquerda, devolver o poder a quem foi tão violentamente atacado e injustiçado.

Fernando Haddad e Manuela D’Ávila se apresentam como a única forma de mostrarmos ao mundo que não importa o quanto fomos humilhados e ofendidos pela elite nacional.

Apesar de tudo o que fizeram, o Brasil se mostra capaz de provar mais uma vez que não se pode aprisionar a ideia de um país mais justo e digno para todos.