
O julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) começa cercado de incertezas, mesmo diante da expectativa de condenação, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Ministros, aliados e advogados apontam dúvidas que vão do tamanho da pena ao futuro do delator Mauro Cid, passando por possíveis divergências na dosimetria e até a chance de absolvição de um dos militares envolvidos.
As penas previstas contra Bolsonaro podem chegar a 43 anos, mas nos bastidores a aposta é em cerca de 30 anos de prisão. A comparação com réus de menor participação, que receberam de 14 a 17 anos, reforça a expectativa de uma sentença mais dura.
Mauro Cid
Mauro Cid se tornou peça central do julgamento. A Procuradoria-Geral da República o acusou de omitir informações e criticou sua “narrativa seletiva”, rejeitando perdão judicial.
A defesa alega que sua colaboração foi “espontânea, precisa e consistente”, tentando preservar os benefícios do acordo firmado em 2023.

Absorção de crimes
Outro ponto é a tese de absorção de crimes. Advogados pedem que o de golpe de Estado seja englobado pelo de abolição violenta do Estado democrático de direito.
O ministro Luiz Fux já manifestou concordância com essa linha, o que pode gerar divergências com Alexandre de Moraes e outros integrantes da Primeira Turma.
Absolvição estratégica
Há também expectativa em torno de uma absolvição estratégica. Generais defendem que Augusto Heleno seja poupado, citando idade avançada e papel periférico. “Até para parecer imparcial, os ministros devem absolver alguém. Senão, fica feio”, disse um advogado.
Esse gesto ajudaria a neutralizar o discurso de perseguição política levantado por aliados do ex-presidente.
Especulações sobre um pedido de vista de Fux também circulavam, mas o ministro já indicou que não pretende atrasar o julgamento. A decisão deve sair até o dia 12, definindo não apenas o destino de Bolsonaro, mas também o alcance das penas dos demais réus da trama golpista.