
O envio do porta-aviões estadunidense USS Gerald R. Ford para águas da América do Sul reacendeu o debate sobre a presença militar dos Estados Unidos na região e suas possíveis consequências para o Brasil. A embarcação, acompanhada por navios de guerra, submarinos e aviões F-35, vai operar sob o comando do Comando Sul dos EUA, estrutura militar responsável pelas ações no Caribe e na América Latina. O movimento, oficialmente voltado ao combate de atividades ilícitas, levanta preocupações sobre vigilância, soberania e segurança de rotas comerciais estratégicas.
O Brasil é diretamente impactado por essa movimentação. Por estar no eixo das principais rotas marítimas que ligam a América do Sul à África, à Europa e à América do Norte, o país pode ver sua área de influência naval afetada pela ampliação das operações de monitoramento. Diplomatas e especialistas em defesa alertam que o reforço da presença militar estadunidense no Atlântico pode gerar tensões em torno do controle dessas águas, historicamente tratadas pelo Brasil como zona de cooperação e não de confronto.

Essas rotas marítimas são vitais para o comércio brasileiro. O fluxo de exportações de grãos, minérios e combustíveis passa justamente por corredores agora vigiados pelos EUA. Do Atlântico Sul, partem embarcações rumo ao Canal do Panamá, à costa leste dos Estados Unidos e aos portos europeus.
Já os voos e operações aéreas sobre a região são fundamentais para monitoramento ambiental, transporte de cargas e vigilância das fronteiras marítimas. Qualquer alteração nessas áreas pode interferir em operações civis e econômicas de larga escala.
Estudos de segurança marítima apontam que cerca de 80% do tráfico de drogas que chega à América do Norte passa por rotas próximas ao litoral sul-americano, o que explica o interesse militar dos EUA. No entanto, especialistas ressaltam que a presença de um porta-aviões nuclear na região carrega também peso político, uma mensagem de poder que pode redesenhar a dinâmica entre Washington e seus vizinhos do hemisfério sul.