As vaias podem ser a salvação de Neymar e da seleção brasileira

Atualizado em 11 de setembro de 2012 às 8:14
Neymar e Messi

 

Ladies & Gentlemen

A vaia pode fazer mais bem a um jogador do que o aplauso. Pode acordá-lo, pode tirar sua máscara, pode transformá-lo de menino mimado num homem.

Por isso entendo que a torcida brasileira acertou ontem ao vaiar Neymar. Em sua sabedoria tosca, o torcedor agiu como um pai que puxa pela orelha o filho mimado pela mãe.

Neymar pode ser a maior estrela da Copa de 2014, ou a maior decepção. Se ele entender a mensagem que as vaias passaram, as chances de que a primeira hipótese prevaleça são maiores.

Eu diria para ele: olhe para Messi. Ele não perde tempo arrumando e pintando o cabelo. Ele também não perde tempo se atirando no gramado aos berros em busca de faltas que não existiram. O minimalismo hemingwayniano do futebol de Messi é de uma simplicidade deslumbrante e eficiente. Sem perder sua exuberância natural, seu drible fácil, Neymar vai ganhar se trouxer para seu futebol alguma coisa do minimalismo de Messi.

Tenho para mim que o desempenho da seleção brasileira em 2014 vai estar diretamente atrelado a Neymar. Se ele brilhar, vocês podem até surpreender e bater a melhor seleção do mundo, a temível Argentina de Messi e Tevez.

Bronca de pai é bom para o filho. Mesmo minha mulher Chrissie, que discorda de mim em tudo, nisso concorda. As vaias que os torcedores, em sua boçalidade sábia e estridente, aplicaram a Neymar podem ser a chave do hexacampeonato brasileiro.

All the best.

Tradução: Erika K. Nakamura

Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.