Publicado originalmente no Novo Jornal
POR DAVID FILIPE
“O problema da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola é interno. Não são questões políticas”, disse aos jornalistas o ministro da Justiça e Direitos Humanos, Francisco Queiroz, depois de um encontro com os deputados à Assembleia Nacional.
Perante os deputados à Assembleia Nacional, o ministro falou da actual situação que divide os pastores angolanos e brasileiros envolvidos num conflito que já resultou em agressões físicas.
“Foram instaurados dois processos pelas entidades judiciais angolanas que correm os seus trâmites legais. Um para pastores angolanos e outro para pastores brasileiros”, acrescentou o ministro, salientando que tais processos serão analisados com transparência e lisura.
Para Francisco Queiroz, “as relações diplomáticas entre Angola e Brasil são excelentes e questões internas no seio da (IURD) não podem afectar o bom ambiente existente entre os dois governos”.
“O Governo angolano tudo está a fazer para que as partes em conflito encontrem o mais rápido possível um consenso”, referiu o ministro, frisando que os pastores brasileiros devem respeitar as leis angolanas.
O deputado da UNITA, Raul Danda, espera que a justiça angolana analise “seriamente” as denúncias sobre acusações de discriminação racial, lavagem de dinheiro e branqueamento de capitais.
“Temos informações de que entre as várias denúncias, já formalizadas junto da Procuradoria-Geral da República está, igualmente, a questão da vasectomia, processo de castração para evitar que os pastores angolanos tenham filhos”, disse.
A Procuradoria-geral da República (PGR) já abriu dois processos contra a Igreja Universal do Reino de Deus, devido às denúncias de abusos de pastores e branqueamento de capitais.
Os dois processos, segundo apurou o Novo Jornal, surgem na sequência de denúncias de práticas ilícitas criminais, e estão a ser efectuadas as diligências para se aferir a veracidade dos factos, alguns dos quais que atentam contra a pessoa humana, e crimes de branqueamento de capitais, entre outros ilícitos.
Recorda-se que a 28 de Novembro, um grupo de bispos e pastores anunciou a ruptura com o bispo Edir Macedo (líder da igreja), por alegadas práticas doutrinais contrárias à religião, como a exigência da prática a vasectomia, além da evasão de divisas para exterior do país.
Um comunicado assinado por mais de 300 bispos e pastores angolanos denunciou que, nos últimos 12 meses, a liderança brasileira, por orientação de Edir Macedo, passou a forçar os pastores angolanos a submeterem-se ao processo de vasectomia.
Os bispos denunciam ainda a decisão de vender mais de metade do património da IURD em Angola, que inclui residências e terrenos que foram adquiridos ou construídos com os dízimos, ofertas e doações dos bispos, pastores, obreiros e membros de Angola, sem prévia consulta à comunidade eclesial.
A propósito, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que está a investigar, já há algum tempo, as denúncias de castração química e vasectomia a que são, alegadamente, submetidos alguns pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola.