
Durante quase uma década, a campanha pela libertação de Julian Assange buscou, sem sucesso, o apoio de líderes europeus e americanos. Apesar da gravidade do caso para a liberdade de expressão no mundo — em tempos em que a pós-verdade destitui democracias — nenhum chefe de Estado dessas nações abriu formal ou informalmente suas portas para um diálogo.
A campanha permaneceu isolada em termos diplomáticos, num caso de perseguição política onde os tribunais atuaram como seus executores.
Há mais de uma década, a campanha tentava, sem êxito, uma aproximação com o Vaticano, articulada por aliados italianos e diplomatas argentinos. Essa situação só mudou recentemente, graças a dois fatores centrais: a mobilização promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a receptividade humanitária do Papa Francisco. Foi a primeira vez que um líder, em solo europeu, recebeu representantes da campanha.
O peso político criado por Lula — amplificado por movimentos latino-americanos como os de Gustavo Petro, Cristina Kirchner, Alberto Fernández, Luis Arce e pelo parlamento brasileiro — foi decisivo para que a questão de Assange saísse das margens diplomáticas. Esse esforço coletivo abriu o caminho para a audiência no Vaticano, colocando o tema da liberdade de imprensa no centro das negociações internacionais.
Nesse contexto, a atuação da advogada brasileira Sara Vivacqua, no Reino Unido, foi fundamental. Trabalhando nos bastidores, ela arriscou sua carreira — sem jamais tocar nos recursos financeiros de uma campanha rica — para ajudar a construir as bases políticas que permitiram avanços concretos.
A intervenção latino americana é narrada como um fato adjacente e adicional, quanda na verdade foi determinante com a pessoa de Lula no epicenro de tudo.
Apesar disso, recentes declarações do editor-chefe do Wikileaks, Kristinn Hrafnsson, distorceram a narrativa dos fatos. Em manifestações públicas, Hrafnsson atribuiu a si a responsabilidade pela aproximação com o Vaticano — uma alegação falsa, visto que ele não teve qualquer envolvimento neste arranjo.
Buscando a retificação da informação, Sara Vivacqua procurou Kristinn Hrafnsson diretamente, solicitando a correção pública dos fatos. Em vez de dialogar ou esclarecer, o editor optou por bloqueá-la em suas redes sociais, recusando qualquer possibilidade de correção. Um comportamento que contrasta frontalmente com os valores de transparência e responsabilidade historicamente defendidos pelo próprio Wikileaks.

A verdadeira história precisa ser contada: um líder mundial brasileiro, um líder espiritual argentino e a ação idealista de uma advogada brasileira que arriscou sua carreira mudaram o curso da luta pela liberdade de Assange — contra a resistência de setores europeus que, hoje, tentam suprimir esses fatos.
Vozes críticas alertam para o apagamento das contribuições latino-americanas e de figuras como Sara Vivacqua e o ex-embaixador Craig Murray — nomes que, com integridade e coragem, sustentaram a causa quando ela ainda era politicamente marginalizada.
O resgate da verdade histórica é fundamental: foi a articulação política latino-americana, e não as tentativas europeias isoladas, que criou as condições para a mudança diplomática com a Austrália, culminando na libertação de Assange.
O legado de Julian Assange para a liberdade de imprensa é indiscutível. No entanto, o compromisso com a verdade — princípio central que motivou toda a luta — exige que a história de sua libertação seja contada com integridade e respeito pelos fatos.
Reescrever a narrativa para fins de autopromoção pessoal, num momento em que se perde relevância (do palco, mas não da história), atenta contra os próprios ideais que Assange defendeu. Honrar a verdade é também honrar todos aqueles que, discretamente e com coragem, tornaram possível o que parecia impossível.
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