Assessor de Ronaldo Fenômeno usa credencial da TV Globo para dar carteirada na Rússia

Atualizado em 26 de junho de 2018 às 12:01

Segundo publicação do UOL, após mudanças internas de olho em um melhor aproveitamento de suas diversas plataformas, o Grupo Globo anunciou, no último mês de janeiro, uma integração inédita entre TV aberta, TV fechada e site para a cobertura da Copa do Mundo. Em comunicado distribuído dentro e fora da empresa, exaltava os 197 profissionais enviados à Rússia na maior equipe de mídia brasileira no país-sede do torneio. Na reta final de preparação, no entanto, a emissora ganhou um reforço que nunca fora citado entre os envolvidos na cobertura. Trata-se de Carlos Eduardo Ferrari, ex-jogador e amigo pessoal de Ronaldo Fenômeno – comentarista do canal.

Credenciado pelo Grupo Globo para o evento, Cacá Ferrari, como é conhecido, utiliza um crachá de mídia detentora e tem acesso livre às áreas destinadas a jornalistas. Mesmo sem ser um profissional de comunicação, anda como um funcionário em serviço da emissora nos estádios da Copa.

Questionada sobre o caso, a TV Globo tratou o credenciamento de Cacá com naturalidade e disse que assim o fez por se tratar de um “assessor” de Ronaldo. É bom ressaltar que a Fifa não permite o credenciamento de assessores de imprensa e assessores pessoais que não sejam das confederações envolvidas no Mundial. Até mesmo o assessor que acompanha Ronaldo no dia a dia não tem o mesmo crachá.

Longe de exercer qualquer função de assessor, Cacá Ferrari tem chamado a atenção por uma atuação que foge dos padrões de outros credenciados. Com comportamento agressivo, tem acumulado confusões nos estádios russos, especialmente em jogos da seleção brasileira.

Logo na estreia, se envolveu em uma troca de empurrões com torcedores na Arena de Rostov, palco de Brasil x Suíça. A reportagem entrou em contato com o assessor de Ronaldo antes da publicação da matéria, sem sucesso. Após a veiculação da reportagem, Cacá procurou o UOL Esporte para explicar o ocorrido.

“Eu estava tranquilo ali em Rostov. Acontece que rolou um problema e eu só fui separar. Nada demais mesmo”, contou.

No duelo contra a Costa Rica, mais um episódio problemático. Cacá Ferrari empurrou um jornalista no elevador do estádio de São Petersburgo, foi truculento com um voluntário e agrediu verbalmente os presentes ao local.

“Eu passo por cima de quem eu quiser, p…”, esbravejou o amigo de Ronaldo.

Em um elevador lotado, Cacá estava no meio da cabine e precisava se deslocar para sair no quarto andar do estádio. Impaciente, empurrou um brasileiro, não tomou conhecimento de um voluntário e ouviu pedidos de “calma” dos presentes. Não gostou. E então partiu para os xingamentos e empurrões.

Do lado de fora do elevador, encarava os profissionais que se deslocavam para seus postos de trabalho e mostrava querer mais briga. Ronaldo acompanhou tudo de perto e apenas se calou. A cena ainda foi vista por uma produtora da TV Globo e pelo menos outras dez pessoas. O constrangimento foi geral.

“Em São Petersburgo eu realmente errei feio. Peço perdão aos envolvidos, de coração. Tivemos problemas na entrada do estádio, aquela correria, Ronaldo precisando entrar no ar. Acabei me descontrolando ali no momento. Não poderia ter feito isso. Se eu pudesse voltar no tempo, certamente não repetiria. Não sou disso. Queria pedir desculpa a cada pessoa que estava ali”, disse.

Abordada sobre o comportamento pouco convencional de seu credenciado, a Globo disse não ter conhecimento do caso. Ao ser informada pela reportagem que o UOL Esporte havia acompanhado a cena, a emissora prometeu apurar os fatos. Em seguida, respondeu que “não houve qualquer observação ou reclamação da organização do evento sobre o Cacá”.