Assessores de Sóstenes e Jordy movimentaram R$ 18 milhões em esquema de desvios, diz PF

Atualizado em 19 de dezembro de 2025 às 12:06
Os deputados bolsonaristas Carlos Jordy (PL) e Sóstenes Cavalcante (PL). Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) afirma que assessores ligados aos deputados bolsonaristas Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) movimentaram cerca de R$ 18 milhões em operações financeiras consideradas incompatíveis com sua capacidade econômica e teriam atuado diretamente no desvio de recursos da cota parlamentar. As conclusões constam da investigação que embasou a operação deflagrada nesta sexta-feira (19).

Segundo a PF, o principal operador do esquema seria Adailton Oliveira dos Santos, assessor que já esteve lotado no gabinete de Sóstenes e depois passou a atuar na liderança do PL na Câmara. Ele movimentou R$ 11.491.410,77 em créditos e R$ 11.486.754,58 em débitos, sobretudo em 2023 e 2024.

Parte relevante dessas transações não teve origem ou destino identificados, incluindo repasses classificados como “pagamentos diversos”, “lançamento avisado” e transferências para beneficiários descritos como “NOME NÃO IDENTIFICADO”.

“Constatou-se a movimentação total de R$ 11.491.410,77 em créditos e R$ 11.486.754,58 em débitos, com maior concentração nos anos de 2023 e 2024. Parte expressiva dessas transações permanece sem identificação de origem ou destino”, diz trecho do relatório, que aponta ainda R$ 2.789.526,93 enviados a destinatários não identificados.

Para a PF, o padrão de alto volume, rapidez nos repasses e uso recorrente de meios eletrônicos é incompatível com a renda declarada do assessor.

Assessor de Carlos Jordy

No caso de Carlos Jordy, a investigação identificou movimentações semelhantes envolvendo o assessor Itamar de Souza Santana, que teria movimentado cerca de R$ 5,9 milhões em créditos e o mesmo valor em débitos no mesmo período. Esses valores também foram considerados incompatíveis com sua capacidade econômica.

De acordo com a Polícia Federal, os desvios de recursos da cota parlamentar ocorriam por meio de pagamentos feitos a uma locadora de veículos, apontada como empresa de fachada. O objetivo seria devolver aos envolvidos parte do dinheiro público reembolsado pela Câmara.

Outras movimentações suspeitas

O documento assinado pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), destaca ainda outras movimentações suspeitas, como as de Florenice de Souza Santana, com cerca de R$ 4 milhões, e Andrea de Figueiredo Desiderati, com quase R$ 6 milhões, todas com origem não identificada. As movimentações somam cerca de R$ 27 milhões.

A PF sustenta que Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy teriam se beneficiado do esquema com o auxílio de servidores comissionados.

“Os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy teriam desviado recursos da cota parlamentar em benefício próprio, com o auxílio de servidores comissionados”, afirma a investigação, que aponta indícios dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Durante a operação, os agentes apreenderam cerca de R$ 430 mil em dinheiro vivo em um endereço ligado a Sóstenes, em Brasília.