
A Polícia Federal (PF) afirma que assessores ligados aos deputados bolsonaristas Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) movimentaram cerca de R$ 18 milhões em operações financeiras consideradas incompatíveis com sua capacidade econômica e teriam atuado diretamente no desvio de recursos da cota parlamentar. As conclusões constam da investigação que embasou a operação deflagrada nesta sexta-feira (19).
Segundo a PF, o principal operador do esquema seria Adailton Oliveira dos Santos, assessor que já esteve lotado no gabinete de Sóstenes e depois passou a atuar na liderança do PL na Câmara. Ele movimentou R$ 11.491.410,77 em créditos e R$ 11.486.754,58 em débitos, sobretudo em 2023 e 2024.
Parte relevante dessas transações não teve origem ou destino identificados, incluindo repasses classificados como “pagamentos diversos”, “lançamento avisado” e transferências para beneficiários descritos como “NOME NÃO IDENTIFICADO”.
“Constatou-se a movimentação total de R$ 11.491.410,77 em créditos e R$ 11.486.754,58 em débitos, com maior concentração nos anos de 2023 e 2024. Parte expressiva dessas transações permanece sem identificação de origem ou destino”, diz trecho do relatório, que aponta ainda R$ 2.789.526,93 enviados a destinatários não identificados.
Para a PF, o padrão de alto volume, rapidez nos repasses e uso recorrente de meios eletrônicos é incompatível com a renda declarada do assessor.
Assessor de Carlos Jordy
No caso de Carlos Jordy, a investigação identificou movimentações semelhantes envolvendo o assessor Itamar de Souza Santana, que teria movimentado cerca de R$ 5,9 milhões em créditos e o mesmo valor em débitos no mesmo período. Esses valores também foram considerados incompatíveis com sua capacidade econômica.
De acordo com a Polícia Federal, os desvios de recursos da cota parlamentar ocorriam por meio de pagamentos feitos a uma locadora de veículos, apontada como empresa de fachada. O objetivo seria devolver aos envolvidos parte do dinheiro público reembolsado pela Câmara.
Outras movimentações suspeitas
O documento assinado pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), destaca ainda outras movimentações suspeitas, como as de Florenice de Souza Santana, com cerca de R$ 4 milhões, e Andrea de Figueiredo Desiderati, com quase R$ 6 milhões, todas com origem não identificada. As movimentações somam cerca de R$ 27 milhões.
A PF sustenta que Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy teriam se beneficiado do esquema com o auxílio de servidores comissionados.
“Os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy teriam desviado recursos da cota parlamentar em benefício próprio, com o auxílio de servidores comissionados”, afirma a investigação, que aponta indícios dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Durante a operação, os agentes apreenderam cerca de R$ 430 mil em dinheiro vivo em um endereço ligado a Sóstenes, em Brasília.
🚨 URGENTE: A Polícia Federal (PF) apreendeu, nesta sexta-feira (19/12), cerca de R$ 430 mil em endereço ligado ao deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), alvo de operação que tem como objetivo aprofundar as investigações sobre o desvio de recursos públicos oriundos de… pic.twitter.com/C0giVTfhmV
— Pesquisas Eleições (@EleicaoBr2026) December 19, 2025
A PF apreendeu aproximadamente R$ 400 mil em dinheiro vivo durante a operação desta sexta que mirou Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy. Dinheiro estava em endereço ligado ao líder do PL pic.twitter.com/INqjtj9twQ
— Wilson Lima (@wilsonlimaslz) December 19, 2025