“Assistir o DCMTV tem diminuído meu sofrimento”: a linda carta de um telespectador para nós

Atualizado em 23 de dezembro de 2022 às 15:14
Campo de trigo com corvos. Van Gogh

O DCM recebeu o depoimento de um internauta que acompanha o nosso canal no YouTube. É uma declaração de amor tocante que queremos compartilhar. O nome dele ficará no anonimato:

Carta Aberta aos trabalhadores do DCM; pessoal da área técnica, administrativo e apresentadores etc.

Meu nome é XXXX, tenho 60 anos e sou professor na rede estadual pública paulista, lotado na cidade de Mogi Mirim, São Paulo.

Esta carta é uma forma pessoal de agradecimento a todos os senhores e senhoras. O que agradeço? O DCM é um excelente centro de informações políticas visando a verdade da informação, pluralidade de ideias e cultura democrática.

Meu agradecimento não é direcionado ao aspecto formal apresentado acima. Não agradeço por isso, mas então o que estou agradecendo? Qual o fundamento do agradecimento?

O fundamento é simples e pueril, até considerado infantil. Tenho uma doença gravíssima: depressão grave sem sintomas psicóticos. Está lá no CDI da psiquiatria brasileira: depressão grave sem sintomas psicóticos. Não desejo para nenhum ser vivo a depressão violenta. É como habitar um mundo frio e escuro. Sem cores. Sem sabores. Nada de amor. Nada de ódio. Anos atrás cheguei a ser internado no SUS. Experiência rica. Eu conheço o fundo do poço. Estive lá.

Então os senhores e senhoras devem pensar: não estamos entendendo nada. O que temos a ver com sua vida íntima? Que papo de louco?

Tentarei ser objetivo. Ao passar a assistir e interagir no chat do DCM, tenho melhorado do meu sofrimento. Não são os discursos. É a postura dos senhores e senhoras. Os olhares. O tom da voz. As brincadeiras. As brigas. As ironias. Numa frase já gasta: a humanidade concreta de todos!!!

Os Girassóis. Van Gogh

É obvio que não foi somente o DCM. Tenho meus alunos desde o fundamental até o pessoal do EJA (Educação de Jovens e Adultos) do noturno. Também o CFM, o “centro de filosofia dos malucos”. Comecei a fazer graduação em filosofia em 2013 na UNICAMP. Formado em história, passei a estudar filosofia. Não terminei o curso. Motivo: depressão. O pessoal que estudava comigo na época ou está dando aulas ou fazendo doutorado e vem aqui visitar o véio louco. Daí foi fundado o CFM.

Volto ao foco! Sinto a necessidade de agradecer todos vocês!!! É bobagem? É pueril? O que vocês ganham com isso?

Não ganham nada! A gratidão é pura gratuidade!

O mundo atual do capitalismo tardio é marcado pela matematização total do espaço social, desde as relações de trabalho até a própria subjetividade. É ganho ou perda.

Estava conversando com um amigo kantiano em relação à palavra e ao sentido. Chegamos ao mesmo argumento. Palavras como gratidão e doação estão esvaziadas de sentido. O sentido delas vige nas sociedades anteriores ao capitalismo.

Junto com a gratidão proponho duas situações:

  1. Caso os senhores ou senhoras necessitem de alguma testemunha contra os processos que sofrem ou irão sofrer, me coloco como possível testemunha. É claro que devido à minha história de paciente psiquiátrico, qualquer doutor de porta de cadeia pode denegrir meu testemunho. Mas vamos lá.
  2. Tenho quase uns três mil livros em casa. Posso doar de forma totalmente no anonimato alguns deles; romances, filosofia, história etc. Querendo, faço envio gratuitamente via correio uns 10. Daí podem ser sorteados.

Inté, camaradas.

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