O DCM recebeu o depoimento de um internauta que acompanha o nosso canal no YouTube. É uma declaração de amor tocante que queremos compartilhar. O nome dele ficará no anonimato:
Carta Aberta aos trabalhadores do DCM; pessoal da área técnica, administrativo e apresentadores etc.
Meu nome é XXXX, tenho 60 anos e sou professor na rede estadual pública paulista, lotado na cidade de Mogi Mirim, São Paulo.
Esta carta é uma forma pessoal de agradecimento a todos os senhores e senhoras. O que agradeço? O DCM é um excelente centro de informações políticas visando a verdade da informação, pluralidade de ideias e cultura democrática.
Meu agradecimento não é direcionado ao aspecto formal apresentado acima. Não agradeço por isso, mas então o que estou agradecendo? Qual o fundamento do agradecimento?
O fundamento é simples e pueril, até considerado infantil. Tenho uma doença gravíssima: depressão grave sem sintomas psicóticos. Está lá no CDI da psiquiatria brasileira: depressão grave sem sintomas psicóticos. Não desejo para nenhum ser vivo a depressão violenta. É como habitar um mundo frio e escuro. Sem cores. Sem sabores. Nada de amor. Nada de ódio. Anos atrás cheguei a ser internado no SUS. Experiência rica. Eu conheço o fundo do poço. Estive lá.
Então os senhores e senhoras devem pensar: não estamos entendendo nada. O que temos a ver com sua vida íntima? Que papo de louco?
Tentarei ser objetivo. Ao passar a assistir e interagir no chat do DCM, tenho melhorado do meu sofrimento. Não são os discursos. É a postura dos senhores e senhoras. Os olhares. O tom da voz. As brincadeiras. As brigas. As ironias. Numa frase já gasta: a humanidade concreta de todos!!!
É obvio que não foi somente o DCM. Tenho meus alunos desde o fundamental até o pessoal do EJA (Educação de Jovens e Adultos) do noturno. Também o CFM, o “centro de filosofia dos malucos”. Comecei a fazer graduação em filosofia em 2013 na UNICAMP. Formado em história, passei a estudar filosofia. Não terminei o curso. Motivo: depressão. O pessoal que estudava comigo na época ou está dando aulas ou fazendo doutorado e vem aqui visitar o véio louco. Daí foi fundado o CFM.
Volto ao foco! Sinto a necessidade de agradecer todos vocês!!! É bobagem? É pueril? O que vocês ganham com isso?
Não ganham nada! A gratidão é pura gratuidade!
O mundo atual do capitalismo tardio é marcado pela matematização total do espaço social, desde as relações de trabalho até a própria subjetividade. É ganho ou perda.
Estava conversando com um amigo kantiano em relação à palavra e ao sentido. Chegamos ao mesmo argumento. Palavras como gratidão e doação estão esvaziadas de sentido. O sentido delas vige nas sociedades anteriores ao capitalismo.
Junto com a gratidão proponho duas situações:
- Caso os senhores ou senhoras necessitem de alguma testemunha contra os processos que sofrem ou irão sofrer, me coloco como possível testemunha. É claro que devido à minha história de paciente psiquiátrico, qualquer doutor de porta de cadeia pode denegrir meu testemunho. Mas vamos lá.
- Tenho quase uns três mil livros em casa. Posso doar de forma totalmente no anonimato alguns deles; romances, filosofia, história etc. Querendo, faço envio gratuitamente via correio uns 10. Daí podem ser sorteados.
Inté, camaradas.