Associação diz que trabalho escravo em vinícolas do RS é culpa de “falta de mão de obra”, não das empresas

Atualizado em 28 de fevereiro de 2023 às 11:40
Espaços onde eram mantidos os trabalhadores de vinícolas em Bento Gonçalves (RS). Foto: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação

O Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves soltou uma nota sobre o caso das vinícolas flagradas usando trabalho análogo à escravidão na região.

De acordo com a entidade, a culpa é da falta de mão de obra qualificada, e não das empresas — a saber, Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi. 

É o atestado para comprovar que trabalho escravo é conhecido, patrocinado e estimulado pelas vinícolas.

A Polícia Rodoviária Federal resgatou, na noite quarta-feira (22), 207 trabalhadores em condições degradantes. A maioria veio da Bahia com promessas de salários superiores a R$ 3 mil, além de acomodação e alimentação.

Eram obrigados a trabalhar diariamente das 5h às 20h, sem pausas, com folgas apenas aos sábados, se alimentando de comida estragada comprada num mercado com preços superfaturados, de modo a ficarem devendo, viviam sendo espancados e agredidos com spray de pimenta e choque elétrico.

Em resumo, a responsabilidade é do Bolsa Família:

Na condição de entidade fomentadora e defensora do desenvolvimento sustentável, ético e responsável dos negócios e empreendimentos econômicos, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves vem acompanhando com atenção o andamento das investigações acerca de denúncias de práticas análogas à escravidão no município. É necessário que as autoridades competentes cumpram seu papel fiscalizador e punitivo para com os responsáveis por tais práticas inaceitáveis.

Da mesma forma, é fundamental resguardar a idoneidade do setor vinícola, importantíssima força econômica de toda microrregião. É de entendimento comum que as vinícolas envolvidas no caso desconheciam as práticas da empresa prestadora do serviço sob investigação e jamais seriam coniventes com tal situação.

São, todas elas, sabidamente, empresas com fundamental participação na comunidade e reconhecidas pela preocupação com o bem-estar de seus colaboradores/cooperativados por oferecerem muito boas condições de trabalho, inclusive igualmente estendidas a seus funcionários terceirizados. A elas, o CIC-BG reforça seu apoio e coloca-se à disposição para contribuir com a busca por soluções de melhoria na contratação do trabalho temporário e terceirizado.

Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.

É tempo de trabalhar em projetos e iniciativas que permitam suprir de forma adequada a carência de mão de obra, oferecendo às empresas de toda microrregião condições de pleno desenvolvimento dentro de seus já conceituados modelos de trabalho ético, responsável e sustentável.