Associação quer responsabilizar médicos que prescrevem coquetel como o que matou jornalista do DCM

Atualizado em 13 de abril de 2021 às 16:42
Deputado Pedro Uczai (Imagem: arquivo pessoal)

Nesta quinta-feira, dia 15, em Brasília, uma reunião com advogados e lideranças ligadas aos direitos humanos vai dar o pontapé inicial num projeto que promete incendiar o debate sobre o exercício da medicina no Brasil e, no limite, levar profissionais do setor para a cadeia.

O grupo vai esboçar o primeiro estatuto da Associação Nacional das Vítimas da Covid-19.

Objetivo: estabelecer um programa de reparação de danos às vítimas de profissionais da medicina que causaram mal a pacientes com a indicação do chamado tratamento precoce para a doença.

A ideia é responsabilizar médicos que induzem a população ao negacionismo e à morte pelo uso de medicação não autorizada e não reconhecida para o tratamento da covid-19.

É o caso do jornalista Renan Antunes, deste DCM, que morreu em abril do ano passado vítima de coquetel à base de hidroxicloroquina e azitromicina prescrito por um profissional irresponsável.

Renan morava em Florianópolis e baixou no hospital com suspeita de coronavírus. Fez uma tomografia dos pulmões e tinha os sintomas da covid-19. Os médicos receitaram-lhe, então, as drogas.

Nem ele e nem a mulher, Blanca, assinaram termo de responsabilidade. Foram dispensados sem que a hipótese de internação fosse levantada. De acordo com a viúva, a lista desses comprimidos fora passada pela equipe médica.

Renan só teve tempo de pedir à mulher que ligasse à redação informando que não poderia participar ao vivo do seu programa no Canal DCM TV. Em seguida, apagou vítima de uma parada cardíaca fulminante.

A ideia da Associação é reparar danos como os sofridos pela família do jornalista e alertar os profissionais da medicina para o risco de optarem pelo charlatanismo.

Uma das ideias do grupo é responsabilizar não apenas os profissionais que empurraram goela abaixo a cloroquina e outros medicamentos não autorizados, mas também gestores públicos como ministros, secretários de saúde, prefeitos, governadores e especialmente o presidente da República – Bolsonaro é um notório defensor do ‘kit da morte’, amparado pela omissão do Conselho Federal de Medicina, que sempre se negou a denunciar negligência ou atitudes criminosas.

Quem seguiu e ainda segue a linha do mandatário número 1 da Nação, em nome da ‘ciência’ da extrema direita, portanto, deve começar a se preocupar.

O grupo entende que a imposição do kit é um gesto político, sem base científica alguma.

A iniciativa da Associação é do deputado federal Pedro Uczai do PT de Santa Catarina.

Renan Antunes só teve tempo de pedir à mulher que ligasse na redação do DCM antes de apagar vítima de uma parada cardíaca fulminante