
O governo dos Estados Unidos confirmou ontem o primeiro ataque realizado no território venezuelano, um movimento que marca uma escalada significativa nas tensões entre os dois países. A ação foi conduzida pela CIA, a Agência Central de Inteligência dos EUA, e teve como alvo um porto venezuelano supostamente utilizado por narcotraficantes, mais especificamente pela gangue Trem de Aragua.
Segundo fontes do governo dos EUA, a instalação estava sendo usada para armazenar narcóticos e preparar barcos destinados ao tráfico de drogas rumo aos Estados Unidos. A operação, que aconteceu na semana passada, foi anunciada pelo presidente Donald Trump apenas em 29 de junho, gerando grande repercussão na mídia internacional.
Em sua declaração, ele afirmou que a ofensiva resultou em uma “grande explosão na área do cais onde os barcos carregam as drogas”. Ele enfatizou que a área “não existe mais”, mas não detalhou o local específico da operação, nem se outros ataques estavam planejados.
A ausência de detalhes na fala do presidente fez com que a imprensa buscasse mais informações, levando o ‘The New York Times’ a confirmar que o alvo da operação era uma base narcotraficante, localizada na costa venezuelana. Apesar do impacto do ataque, fontes indicaram que ninguém morreu durante a ação.
Esse ataque, embora confirmado agora, é o primeiro em território venezuelano desde o início da campanha militar dos EUA contra o governo de Nicolás Maduro, que já inclui uma série de ações no Mar do Caribe e no espaço aéreo.
Em março, o governo Trump deslocou caças, navios de guerra e até um porta-aviões para a região, e em agosto, uma recompensa de US$ 50 milhões foi oferecida por informações sobre o presidente da Venezuela.

O governo americano inicialmente anunciou o reforço militar como parte de uma estratégia de combate ao narcotráfico, mas relatos subsequentes indicaram que o objetivo final seria a derrubada do presidente venezuelano.
A ofensiva contra Maduro e suas políticas se intensificou com o movimento de tropas e ações contra embarcações e petroleiros ligados ao regime. Recentemente, os Estados Unidos apreenderam navios petroleiros da Venezuela, o que fortaleceu as acusações de Trump de que ele estava “roubando” os Estados Unidos.
O controle das vastas reservas de petróleo da Venezuela, as maiores do mundo, também tem sido um ponto central no envolvimento dos EUA no país, com fontes indicando que esse interesse estratégico pode ser um dos motivos por trás das crescentes tensões.
Este ataque não é isolado e faz parte de uma série de medidas adotadas pelos EUA para aumentar a pressão sobre o regime dele. Em novembro do ano passado, autoridades americanas mencionaram que operações encobertas seriam a próxima fase de ações contra o governo venezuelano.
Embora as operações de inteligência e ações militares no Mar do Caribe estejam bem documentadas, os Estados Unidos também têm buscado isolar economicamente a Venezuela, com sanções econômicas e comerciais em vigor desde o início da administração Trump.
Além disso, as negociações entre ambos os líderes, embora tenham ocorrido em novembro de 2019, não resultaram em mudanças significativas, uma vez que o presidente venezuelano resistiu em ceder ao pedido de deixar o poder.