
Stevan Paz Bastos, o atual proprietário da Soffy Soluções de Pagamento, tem uma trajetória que levanta sérias suspeitas sobre seu envolvimento com o esquema de lavagem de dinheiro em que a fintech foi utilizada. Antes de se tornar associado ao mundo financeiro, Stevan era cozinheiro em restaurantes de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, além de ter tido experiências como comerciante e auxiliar administrativo. No entanto, seu nome nunca esteve vinculado a instituições financeiras até que assumiu a Soffy, uma empresa que agora é investigada por ser uma das responsáveis por desviar R$ 270 milhões do sistema financeiro nacional.
O histórico de Stevan, com sua mudança de atividades profissionais e a falta de qualquer vínculo anterior com o mercado financeiro, levanta um ponto crucial: ele pode ser, na verdade, um “laranja” — uma pessoa que serve de fachada para ocultar os verdadeiros responsáveis pelas transações ilícitas que ocorreram na Soffy.
A Soffy: A Manipulação de Pequenas Fintechs para Esquemas Criminosos
A Soffy foi fundada em 2020 em Atibaia (SP) sob o nome de Banco Agils Serviços Financeiros e Cobranças, com um capital inicial de R$ 100 mil. Desde o início, a empresa passou por mudanças de donos e de sede, o que levanta sérias questões sobre a sua credibilidade no mercado financeiro. Em 2023, o capital foi elevado para R$ 1 milhão e o nome da empresa foi alterado para Soffy, mas a estrutura da fintech continuou a levantar suspeitas.
As transações ilegais foram realizadas por meio de “contas bolsão”, que estavam vinculadas a bancos tradicionais autorizados pelo Banco Central. Isso permitia que a empresa operasse à margem da regulamentação e escondesse as transações fraudulentas sem que houvesse um controle efetivo.
Stevan Paz Bastos: O “Laranja” por Trás da Soffy
Embora Stevan Paz Bastos tenha se tornado proprietário formal da Soffy em maio de 2025, sua ligação com o setor financeiro é nula. De acordo com as apurações, não há explicação clara sobre como ele adquiriu a empresa ou os recursos necessários para fazer esse movimento. Esse ponto crucial leva a polícia a acreditar que Stevan pode ser apenas um “laranja”, alguém que serve para ocultar a verdadeira identidade dos responsáveis pelas transações ilícitas da empresa.
A falta de registros financeiros anteriores de Stevan no setor bancário e sua profissão anterior como cozinheiro reforçam essa tese de que ele não seria o real dono da fintech. Ele pode estar sendo utilizado para dar uma fachada legítima à Soffy, enquanto os verdadeiros proprietários permanecem escondidos.
O Sistema de “Conta Bolsão” e a Falta de Regulamentação
A Soffy não tem autorização do Banco Central para operar como uma instituição de pagamento. De acordo com as investigações, a empresa usava o sistema de “conta bolsão”, vinculado a instituições financeiras autorizadas, para realizar transações ilícitas sem a fiscalização do Banco Central. Essa prática é comumente utilizada por organizações criminosas para lavar dinheiro e evitar bloqueios judiciais. Mesmo com o nome de Stevan à frente da Soffy, a estrutura da empresa permanece obscura e cheia de falhas de regulamentação.
A falta de controle e as diversas mudanças de donos durante a trajetória da empresa indicam que a Soffy estava sendo utilizada para esconder recursos desviados e ocultar os responsáveis. Isso levanta sérias questões sobre o uso de pequenas fintechs como fachada para operações ilícitas.
Conclusão
O caso de Stevan Paz Bastos e a Soffy Soluções de Pagamento revela a vulnerabilidade do setor de fintechs e como pequenas empresas podem ser manipuladas por organizações criminosas. Stevan, possivelmente um “laranja”, assumiu o controle da Soffy sem uma explicação clara sobre sua origem financeira, e a investigação segue em andamento para descobrir quem está realmente por trás do desvio de R$ 270 milhões. A situação levanta a necessidade de uma maior fiscalização e regulamentação do setor para impedir que tais esquemas de lavagem de dinheiro continuem a prosperar.