Ataques dos EUA na Venezuela fazem Trinidad e Tobago colocar Exército em “alerta geral”

Atualizado em 1 de novembro de 2025 às 9:29
Navio anfíbio USS Iwo Jima navegando no mar do Caribe em 28 de agosto de 2025. — Foto: Logan Goins/Marinha dos Estados Unidos

O governo de Trinidad e Tobago colocou suas Forças Armadas em “alerta geral” nesta sexta-feira (31) e ordenou o retorno imediato das tropas aos quartéis, em meio ao aumento das tensões no Caribe provocado pela mobilização militar dos Estados Unidos na região. O alerta foi confirmado em mensagens enviadas pelas Forças de Defesa de Trinidad e Tobago (TTDF) e obtidas pela Agência France-Preess (AFP).

“Alerta máximo: com efeito imediato, as Forças de Defesa de Trinidad e Tobago estão em NÍVEL DE ALERTA UM. Todos os membros devem se apresentar em suas respectivas bases”, dizia o comunicado. A Polícia Nacional também anunciou o cancelamento de todas as licenças e folgas.

Os oficiais foram instruídos a se apresentar até as 18h, no horário local (19h de Brasília). “Recomenda-se fortemente que todos façam os arranjos necessários com suas famílias e concluam todos os preparativos pessoais para o autoisolamento”, completava a mensagem, em tom de mobilização total.

O alerta ocorre após dias de tensão na região, com a intensificação das operações militares dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico. Washington afirma que a mobilização é parte de uma campanha contra o narcotráfico, mas o governo da Venezuela acusa o presidente estadunidense, Donald Trump, de preparar uma ofensiva militar para derrubar Nicolás Maduro.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

Trump nega intenção de atacar a Venezuela

Em pronunciamento nesta sexta-feira, Trump negou que esteja considerando ataques militares contra a Venezuela, em resposta a uma reportagem do jornal Miami Herald que afirmava que uma ofensiva “poderia ocorrer a qualquer momento”.

O Wall Street Journal também publicou que a Casa Branca havia identificado possíveis alvos dentro do território venezuelano, mas ainda não teria decidido pela execução.

Questionada sobre as reportagens, a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, afirmou que “fontes não identificadas não sabem do que estão falando” e que qualquer anúncio oficial sobre operações militares seria feito diretamente por Trump.

O presidente venezuelano reagiu às movimentações, acusando os Estados Unidos de “ameaçar a soberania da região” e de “buscar uma mudança de regime”. O Ministério da Defesa da Venezuela classificou as ações no Caribe como “provocações injustificadas” e colocou suas próprias forças em estado de vigilância.

Desde agosto, o governo estadunidense lançou uma operação antidrogas na região do Caribe e no Oceano Pacífico, alegando combater o tráfico de entorpecentes.

Segundo a AFP, fontes do Pentágono indicam que os 16 ataques contra embarcações suspeitas resultaram na morte de pelo menos 62 pessoas. Diversos países latino-americanos têm questionado a legalidade dessas ações, que não foram aprovadas por organismos multilaterais.

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.