Até quando o TSE vai permitir um nazista na corrida presidencial? Por Carlos Fernandes

Atualizado em 29 de março de 2018 às 11:19

 

Conservador, reacionário, retrógrado, deselegante, violento e misógino

Para uma compreensão plena de determinadas situações, algumas coisas precisam ser tratadas pelo nome. Assim se faz necessário com o deputado federal Jair Messias Bolsonaro.

Palavras como conservador, reacionário, retrógrado, deselegante, violento e misógino, apesar de definirem bem alguns dos aspectos comportamentais do parlamentar, não são suficientes para dar a dimensão completa do que ele realmente representa.

O dramaturgo inglês William Shakespeare uma vez disse que se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume. Traçando um paralelo, não importa quais adjetivos possamos dar a Bolsonaro, o odor que exala de suas ideias continuará sendo o de um nazista.

O papelão que o cidadão fez em Curitiba, no mesmo dia e a poucos quilômetros de onde estava sendo realizado o encerramento da caravana de Lula, já seria suficiente para a abertura de um inquérito policial. Mas ainda existe o contexto em que tudo isso se dá.

Ressurgida das trevas a época em que o debate era travado na base da bala, tudo o que a política brasileira não precisava nesse momento era de um sociopata encenando um tiro na cabeça de um ex-presidente.

A imagem é desumana se retratada por qualquer indivíduo comum, se a personagem em questão é um candidato à presidência da República, a coisa toma proporções inacreditavelmente degradantes.

Não que tenha sido exatamente uma surpresa, afinal, estamos tratando de uma figura que responde no STF por crimes de incitação ao estupro e injúria, mas a naturalidade com que tudo aconteceu e o apoio recebido dos “cidadãos de bem” preocupa porque remonta à ascensão do holocausto.

Violência e preconceito contra negros, deficientes, homossexuais e minorias em geral, discurso de ódio, diminuição do papel da mulher na sociedade, criminalização dos partidos de esquerda e defesa de uma determinada “raça”, são bandeiras propostas que reluzem o cordão umbilical que liga o Messias ao Fuhrer.

É preciso lembrar – por incrível que pareça realmente precisamos lembrar – que a apologia ao nazismo, no Brasil, é crime previsto na lei 7.716/89. Depreende-se daí que ter um postulante ao Palácio do Planalto que ecoa ideais tipicamente nazistas, mais do que crime, representa a depredação de todos os valores construídos a duras penas após o episódio mais vergonhoso da história da humanidade.

É dever do Estado, ou pelo menos deveria ser, proteger a nação de pessoas como Jair Bolsonaro que carregam no seu DNA uma estreita e perigosa correlação com ideais tão indecentes, sórdidos, lascivos e depravados como os difundidos pelo Terceiro Reich.

Por muito tempo, 27 anos para ser mais exato, fomos obrigados a conviver com um pervertido moral no Congresso Nacional. Já está mais do que na hora do TSE (se alguma serventia realmente existe) impedir que esse tipo de intolerante participe de eventos de cunho tão democráticos como são as eleições.

Pela omissão do Tribunal Superior Eleitoral, está sendo construído o mesmo tipo de “salvador da pátria” que conseguiu lesar todo o povo alemão.

O resultado da empreitada já é sabido por todos.