
Produtores e disseminadores de bobagens da extrema direita vivem do contágio de ideias rasas sobre qualquer coisa. Mas um diplomata liberal com a reputação e a carreira de Rubens Barbosa não poderia ter dito o que disse ao Estadão.
“O Vietnã é comunista e conseguiu negociar com Trump. Por que o Brasil não consegue?” – perguntou Barbosa, com o tom de quem sabe tudo, em entrevista ao jornal.
O embaixador está sugerindo que qualquer um pode negociar com Trump, mas Lula é tão insignificante que não consegue. O próprio Barbosa sabe que está enganando trouxas.
Ora, embaixador, Trump ameaça não negociar com o Brasil porque o presidente do Brasil é Lula, grande inimigo do neonazista americano e da extrema direita mundial. E Barbosa sabe que ninguém sabe o nome do presidente do Vietnan.
Lula é um dos comandantes do Brics. É interlocutor das grandes lideranças internacionais, desde o primeiro governo. E o Brasil mete medo como protagonista mundial. E o Vietnan, com o todos os avanços conquistados nos últimos anos, é o Vietnan.
É o país que, sob o ponto de vista americano, desde muito antes de Trump, pode até ser um contraponto à China como parceiro socialista de grandes grupos e do capitalismo mundial. Por isso Trump quer ser amiguinho do Vietnan.
Trump negocia com o Vietnan e com quase com todo mundo, depois de blefar bastante, e avisa que não irá negociar com Lula. Porque é preciso sufocar o Brasil, entre as 10 maiores economias do mundo e tentar minar sua proximidade com a China. O Vietnan está 30 degraus abaixo.

O embaixador Rubens Barbosa não deveria contribuir para acrescentar besteiras ao que dizem sobre o tarifaço. E não pode se equiparar a um Nikolas Ferreira.
É péssimo para a imagem de quem já teve grandes funções na diplomacia brasileira e ruim para o histórico do Itamaraty dos velhos tempos tucanos, mesmo que Barbosa, daquela época, seja hoje um diplomata aposentado.
(A charge de Laerte na Folha, reproduzida acima, diz, com o poder de síntese dos grandes artistas, o que significa para o Brasil tentar ‘negociar’ com Trump.)
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MISSÃO FASCISTA
Por falar em rebaixamento da diplomacia, leiam o que o futuro embaixador americano em Buenos Aires, o empresário de origem cubana Peter Lamelas, disse sobre a Argentina na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Lamelas informou, sem volteios, que sua missão na Argentina será “monitorar os governadores”, “impedir acordos das províncias com a China” e “garantir que Cristina Fernández receba a justiça que merece”.
E antecipou que fará campanha para os candidatos da extrema direita do presidente fascista Javier Milei nas eleições parlamentares desse ano.