O ataque a tiros contra um casal e o filho de 10 anos, ocorrido em dezembro de 2023 na zona leste de São Paulo, deixou de ser tratado como briga de trânsito e passou a ser investigado como crime ligado a um esquema milionário de desvio na Unimed Nacional. A mulher, analista financeira da cooperativa há 17 anos, havia identificado transferências suspeitas para uma empresa fantasma chamada C-Gás Fundo de Investimentos Ltda., criada pela colega de trabalho Bruna Perugine Teixeira e pelo contador Danilo Araújo de Souza.
Como apurou a reportagem do Fantástico, na madrugada do crime, câmeras flagraram os suspeitos monitorando a família. Minutos depois, o atirador descarregou 11 disparos contra o carro, atingindo a passageira com sete tiros. Apesar da gravidade, ela sobreviveu após cirurgias. O marido e o filho escaparam sem ferimentos graves, mas relataram sequelas psicológicas e mudanças de rotina após o atentado.
As investigações apontam que mais de R$ 4,8 milhões foram desviados da Unimed por Bruna e Danilo. Parte do dinheiro teria sido repassada a Maurício Mafran Bonfim, usado como laranja, que pagou os executores Rafael Rosa da Silva e Tiago Ferreira. O carro usado no crime era de Júlio César Benício de Medeiros, preso preventivamente. Rafael, Tiago, Bruna e Danilo estão foragidos.
A Unimed afirmou ter aberto apuração interna e desligado os envolvidos. Já os advogados dos acusados sustentam a inocência de seus clientes e alegam presunção de inocência. A polícia reforça que quem tiver informações sobre os foragidos pode acionar o Disque Denúncia, no 181.
O casal vítima do atentado segue em tratamento médico e psicológico. “Ela já fez três cirurgias de reconstrução da mandíbula e perdeu o movimento da mão direita. Meu filho passa por psicólogo. A gente mudou de cidade. Agora é tentar reconstruir e voltar a sonhar”, disse o marido.