Ativista detido na flotilha denuncia ação violenta de Israel ao chegar ao Rio

Atualizado em 7 de outubro de 2025 às 9:20
Nicolas Calabrese desembarca no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro – Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

O ativista brasileiro Nicolas Calabrese, um dos 14 integrantes da flotilha Global Sumud detida por Israel ao tentar levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, desembarcou no Rio de Janeiro na noite de segunda-feira (6).

Recebido por cerca de 40 manifestantes pró-Palestina no aeroporto do Galeão, ele afirmou que a ação israelense foi violenta e comparou os militares a terroristas. “A gente foi interceptado de forma violenta por mais de 15 soldados da Marinha israelense entrando nos nossos navios, apontando fuzis para a gente. Estavam armados até os dentes e encapuzados ao melhor estilo dos terroristas”, disse.

Calabrese relatou que, após a abordagem, os ativistas foram levados a um porto israelense, onde sofreram agressões e privações. “Quem tentava falar algo com um companheiro era deixado no sol ajoelhado”, contou. Segundo ele, os detidos ficaram por horas sem acesso a banheiro, água ou comunicação com familiares, além de não receberem informações sobre onde estavam.

Ao chegar ao Brasil, o ativista foi recebido com abraços e cartazes pedindo liberdade aos detidos. Também compareceu ao local o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ). Calabrese, que é professor de educação física e educador popular da Rede Emancipa, destacou que vive há mais de dez anos no Brasil e que sua deportação para a Turquia foi custeada pelo consulado italiano, já que possui cidadania europeia.

Ele afirmou que os agentes israelenses confiscaram seus pertences, incluindo documentos e celular, deixando-o apenas com o passaporte italiano.

Os militares também teriam apresentado um termo em hebraico, sem tradução, para que os ativistas reconhecessem ter tentado entrar ilegalmente em Israel, o que foi recusado por todos.

O militante disse ainda que alguns brasileiros seguem detidos por se recusarem a aceitar os termos de deportação impostos por Israel. Segundo ele, o grupo mantém “posição política” contra o “sequestro” promovido pelo Estado israelense e o bloqueio à Faixa de Gaza.

Questionado sobre a fala de Lula, ele pediu medidas concretas. “Fico feliz em saber que tenha se posicionado, mas a gente sabe que discurso não basta, só uma publicação é muito pouco ainda. Precisa uma comitiva da diplomacia lá em Israel. Políticas concretas para minimamente ter informação e ter uma previsão de quando todos vão ser libertos”, disse.

A flotilha partiu de Barcelona em 31 de agosto e começou a ser interceptada na quarta (1º); brasileiros seguem presos em Ktzi’ot, no deserto de Negev.