Ativista palestino nega debate com porta-voz do Exército israelense: “como entrevistar Hitler”

Atualizado em 8 de agosto de 2025 às 10:22
Rafael Rozenszajn, porta-voz do Exército israelense

O ativista palestino-brasileiro Marcos Feres recusou publicamente um convite do podcast Inteligência Ltda., apresentado por Rogério Vilela, para participar de uma entrevista com Rafael Rozenszajn, porta-voz do Exército israelense, que está no Brasil em agenda de eventos.

Em postagem no X (antigo Twitter), Feres comparou a proposta a entrevistar figuras do regime nazista em plena Segunda Guerra Mundial, enquanto crimes de guerra eram cometidos.

“Me pergunto se o Vilela convidaria um judeu para sabatinar um de seus algozes nazistas enquanto os fornos e câmaras de gás estivessem funcionando a todo vapor”, escreveu. Ele classificou Rozenszajn como “partícipe do Holocausto Palestino” e acusou o porta-voz de exercer “o papel de mentira e propaganda para fabricar consentimento” a um “genocídio cometido por Israel na Palestina”.

O ativista também criticou veículos de comunicação que, segundo ele, estariam dando espaço a “propagandistas do Holocausto Palestino” e afirmou que só pretende encontrar figuras como Rozenszajn “nos tribunais”, para que respondam por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O Inteligência Ltda. cancelou a entrevista, segundo Feres:

Fui convidado pelo @InteligenciaLta do @RogerioVilela para participar de “sabatina” com o “porta-voz do exército israelense”, sr. Rafael Rozenszajn, que aparentemente vem em “turnê” ao Brasil, e gostaria de deixar público aqui minha resposta ao convite:

“Olá, [nome do produtor]. Tudo bem? Obrigado pelo contato. Sei que você está fazendo seu trabalho e, portanto, a resposta a seguir não é direcionada a você pessoalmente, mas sim aos responsáveis pelo podcast e por esse escárnio.

Dito isso, me pergunto se o Inteligência LTDA e o Vilela entrevistariam Hitler, ou talvez Goebbels, seu ministro da propaganda, no curso das atrocidades nazistas na Segunda Guerra Mundial, especialmente se à época os campos de extermínio fossem transmitidos em tempo real para o mundo inteiro assistir, como é o caso de Gaza há 671 dias, o maior campo de concentração e extermínio da história.

Me pergunto ainda se o Vilela convidaria um judeu para “sabatinar” um de seus algozes nazistas enquanto os fornos e câmaras de gás estivessem funcionando a todo vapor para exterminar homens, mulheres e crianças em ritmo industrial, da mesma forma que “israel” extermina homens, mulheres e crianças palestinos em ritmo industrial no momento em que falamos aqui.

O sr. Rafael Rozenszajn é um partícipe do Holocausto Palestino e executa um dos papéis que eu considero o mais depravado de todos, o da mentira e propaganda para fabricar consentimento pra essa orgia genocidária cometida pelos israelenses na Palestina.

Por fim, é óbvio que eu me recuso a participar desse circo obsceno, especialmente se o papel que me seria legado enquanto palestino é a “honraria” de “fazer perguntas” a um dos degenerados que tomam parte nesse genocídio.

Me choca que esse cidadão venha “em turnê” para o Brasil com status de estrela e que veículos de comunicação que eu quero acreditar que são sérios se prestem a esse papel indecente de dar espaço aos propagandistas do Holocausto Palestino.

A única ocasião em que estarei no mesmo espaço que o convidado de vocês será nos tribunais, vendo todos os gânsgters sionistas no banco dos réus respondendo pelos crimes de guerra e de lesa-humanidade que cometem contra palestinos, inclusive contra a minha família, agora e há mais de 78 anos.

A você eu desejo um excelente dia de trabalho e aos responsáveis pelo podcast que pensem se esse é mesmo o papel que eles querem cumprir na história.”

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.