
Um ativista de extrema-direita foi preso em Portugal após ameaçar de morte a jornalista brasileira Stefani Costa, correspondente do Opera Mundi no país. Bruno Silva foi detido na terça (21) em Vila Nova, na região metropolitana do Porto, e teve sua prisão preventiva decretada nesta quinta (23).
A Justiça portuguesa classificou o caso como inédito, por ser a primeira vez que alguém acusado de discurso de ódio e incitação à violência recebe essa medida no país. Stefani comemorou a decisão e classificou o momento como “histórico”.
“Bruno Silva continuará preso! É a primeira vez em Portugal que alguém indiciado por ameaças e discurso de ódio recebe essa medida. Jornalismo nunca foi para covardes”, escreveu. As ameaças começaram em junho de 2024 e incluíam incentivos públicos à violência contra brasileiros.
Veja um dos posts do extremista nas redes:
A nossa xenofobia tem sido um sucesso. https://t.co/u1213R2tiu pic.twitter.com/UQG3kBh3iT
— Bruno Silva 🇵🇹 (@BrunusRibatua) September 13, 2025
Em uma das postagens, Bruno prometeu um apartamento em Lisboa e um bônus de 100 mil euros a quem matasse Stefani, além de defender um massacre de imigrantes. Ele se apresenta nas redes como um dos primeiros militantes do partido de extrema-direita Chega e é conhecido por publicações com apologia ao nazismo, racismo e xenofobia.
A polícia portuguesa confirmou que o investigado tem antecedentes por crimes de ódio e incitação à violência. Outra jornalista brasileira, Amanda Lima, do jornal Diário de Notícias, também foi alvo de Bruno. Ela relatou ter recebido mensagens racistas e ameaças de morte, nas quais o agressor a chamava de “macaca” e dizia “volta para a tua terra”.

A Polícia Judiciária informou que apreendeu “vastos elementos de prova relativos ao radicalismo ideológico” do suspeito. O diretor da instituição, Luís Neves, afirmou que os crimes de ódio estão crescendo em Portugal, especialmente contra mulheres e imigrantes. “Estamos a falar de crimes politicamente motivados e essa é uma das grandes preocupações, a par da violência que decorre dessas mensagens”, declarou.
Um levantamento da Casa do Brasil de Lisboa mostrou que o discurso de ódio contra brasileiros aumentou em 2024. “O discurso ficou mais violento, mais agressivo”, disse Ana Paula Costa, presidente da instituição. Ela também criticou a lentidão das plataformas digitais em responder a denúncias. “Muitas pessoas não conseguem uma resposta célere. Isso reforça a sensação de impunidade nas redes sociais”, afirmou.
O caso ocorre em meio ao avanço da ultradireita em Portugal, marcada por uma retórica anti-imigração e pela disseminação de ataques virtuais. A Comissão Europeia já pediu que o governo português adote medidas mais firmes contra o discurso de ódio online. Os brasileiros representam o maior grupo de imigrantes no país.