Atos contra anistia e blindagem superam o 7 de setembro bolsonarista nas ruas e nas redes

Atualizado em 22 de setembro de 2025 às 9:40
Manifestantes protestam em Brasília contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia. Foto: Reprodução

Os protestos realizados no domingo (21) contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia reuniram mais pessoas e alcançaram maior engajamento nas redes do que as manifestações bolsonaristas do 7 de Setembro. Convocados após a aprovação das duas medidas na Câmara, os atos tomaram ruas de todas as capitais e mostraram que a mobilização da esquerda conseguiu, ainda que de forma pontual, superar a força digital da direita, que vinha dominando o debate nos últimos meses.

Monitoramento feito pela Palver em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp revelou que o engajamento em torno das manifestações de 21 de setembro ultrapassou o registrado nos atos da direita duas semanas antes.

Até as 18h do domingo, a cada 100 mil mensagens trocadas, 865 faziam referência aos protestos contra a anistia e a blindagem, contra 724 durante as mobilizações bolsonaristas. O avanço da PEC da Blindagem, vista como símbolo de impunidade, impulsionou a adesão popular, com termos como “bandidagem” e “corrupção” circulando de forma intensa nas conversas.

A presença de artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil no Rio de Janeiro foi determinante para ampliar o alcance das convocações. Os shows funcionaram como chamariz para públicos mais amplos, permitindo que a mobilização se espalhasse além dos grupos tradicionalmente engajados.

Embora a direita mantenha fluxo constante de mensagens em suas redes, os protestos do dia 21 inverteram a tendência, alcançando 60% das interações no WhatsApp no auge da mobilização da esquerda.

Manifestantes fazem protesto ao Masp, na Avenida Paulista, contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia — Foto: Reprodução/TV Globo

O monitoramento mostrou também que as críticas à PEC da Blindagem não pouparam nem mesmo deputados do PT, que deram oito votos favoráveis à proposta na Câmara, contrariando a orientação da liderança. Listas com os nomes desses parlamentares circularam em grupos de esquerda, acompanhadas de mensagens de repúdio e pedidos de expulsão. Ainda assim, o foco das críticas recaiu principalmente sobre figuras do Centrão e da direita, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e Nikolas Ferreira (PL-MG).

Os dados confirmam que a mobilização da esquerda conseguiu superar, mesmo que temporariamente, a hegemonia bolsonarista no ambiente digital. Até o dia 18, mensagens pró-anistia dominavam entre 70% e 90% do debate no WhatsApp.

Após o avanço da PEC, a curva se inverteu: as críticas cresceram e, no ápice, corresponderam a 60% do total de interações. Ainda que a direita siga como força predominante nas redes, os protestos de domingo mostraram que a insatisfação popular contra a blindagem parlamentar e a anistia tem potencial de unir diferentes setores em um movimento de massa.