Atuação de Bolsonaro contra Covid-19 é reprovada por 53% da população. Por Charles Nisz

Atualizado em 2 de abril de 2020 às 17:12
Presidente só é aprovado por mais velhos, mais ricos, evangélicos, e eleitores de direita Foto: Reprodução/YouTube

A atuação do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia causada pelo Covid-19 é reprovada por 53% da população, segundo pesquisa do Instituto Quaest. Outros 40% aprovam a conduta de Bolsonaro na crise e 7% não sabem avaliar.

É possível fazer um recorte nítido dos segmentos sociais que apoiam ou criticam Bolsonaro em relação ao coronavírus. Entre os mais jovens, a aprovação de Bolsonaro é baixa: 33% na faixa 15-24 anos; 32% na faixa 25-34; 38% na faixa 35-44 anos; 45% entre quem tem 45-59 anos. Só na faixa acima dos 60 anos é que há mais aprovação (53%) que desaprovação (43%).

Quando a análise leva em conta a renda familiar, Bolsonaro só é mais aprovado do que criticado entre quem ganha acima de cinco salários mínimos (49% x 48%). Entre aqueles com renda entre 2 SM e 5 SM, Bolsonaro é aprovado por 36% e criticado por 59%. Na faixa com renda inferior a 2 SM, outro resultado ruim: (39% x 52%).

Os evangélicos são o grupo religioso mais fiel a Bolsonaro. Entre esses, o presidente é aprovado por 49% e só 23% acham que o mandatário reage “muito mal” à crise desencadeada pelo Covid-19. Entre católicos, o percentual sobe para 34% e entre os adeptos de outras religiões é de 36%. Para aqueles sem religião, esse percentual é de 40%.

Já quando a analise foca na orientação política, a divisão fica ainda mais clara. Entre os 13% de entrevistados que se dizem de esquerda, só 10% aprovam a atuação de Bolsonaro na crise e 88% criticam. Entre os 47% de centro, 28% o aprovam e 63% criticam. Já entre os 40% que se dizem de direita, essa aprovação sobe para 65%.

Também foi avaliada a percepção dos entrevistados se há exagero da imprensa e do público em geral sobre o coronavírus. A ideia de que há exagero só reverbera entre os grupos sociais de apoio ao presidente. Entre os apoiadores de Bolsonaro, 28% acham que há alarmismo da imprensa, contra apenas 16% entre aqueles que o desaprovam.

Para os eleitores de direita, há exagero da imprensa ao noticiar sobre o Covid-19. 34% dos que se dizem direitistas acham que há alarmismo. Esse percentual é de 13% tanto entre os eleitores de centro quanto entre os eleitores de esquerda.

Depois dos direitistas, os idosos são o segmento social que mais critica a cobertura da imprensa. Para 30% de quem tem acima de 60 anos, há exagero. Esse percentual é de 18% entre quem tem 30 e 59 anos e de 22% entre aqueles com 18 a 29 anos.

Entre os mais ricos, 27% acham que a imprensa está fazendo alarde sobre a quarentena. Um reflexo do clamor pela volta das atividades econômicas em nível pleno. Esse percentual cai para 15% entre quem ganha entre 2SM e 5SM. Já entre os mais pobres, é de 25 – talvez pelo receio de perder emprego e renda.

A pesquisa foi realizada por questionário digital, com 1.000 entrevistados de 114 municípios nos 27 estados brasileiros, entre 19 e 23/03. A margem de erro é de 3,1%.