Atuação no PL da Dosimetria deve tirar Jaques Wagner da liderança do governo

Atualizado em 17 de dezembro de 2025 às 22:16
Senador Jaques Wagner (PT), relator do projeto. Foto: reprodução

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), deve deixar o posto em 2026 após o desgaste provocado pela tramitação do PL da Dosimetria. A avaliação circula entre integrantes do Palácio do Planalto e líderes partidários, depois da aprovação do projeto que reduz penas e pode beneficiar condenados por envolvimento nos ataques de 8 de janeiro. Com informações da colunista Daniela Lima, no UOL.

O episódio teve início com a articulação que permitiu a votação do projeto ainda nesta quarta-feira (17), contrariando a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ministros relataram surpresa com o acordo que reduziu o prazo de vista no Senado e viabilizou a deliberação imediata da proposta.

A condução do processo colocou Jaques Wagner no centro das críticas dentro do governo. Parlamentares da base afirmaram que a movimentação transmitiu a imagem de que o Planalto estaria disposto a negociar o mérito do projeto, apesar da posição contrária já manifestada por Lula.

Da tribuna do Senado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou a articulação: “Eu nunca vi uma questão transcendental como essa, alguém em nome do governo fazer um acordo e dar peru de Natal aos golpistas”. A declaração ampliou a pressão política sobre o líder do governo na Casa.

No Planalto, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo federal não autorizou qualquer acordo para facilitar a votação do PL da Dosimetria. Auxiliares do presidente reforçaram que Lula pretende vetar o projeto após a aprovação pelo Congresso.

Após a repercussão, Jaques Wagner negou a existência de qualquer acordo político envolvendo o mérito do projeto. Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira (17), o senador afirmou: “Não há acordo, nem troca de votos. O PT no Senado vai votar contra a proposta de mudança na dosimetria das penas”. Ele também declarou que “quem atentou contra a democracia precisa responder por seus crimes” e concluiu dizendo que “a defesa da democracia não se negocia”.