Áudios do Superior Tribunal Militar escancaram a existência de tortura na ditadura

Atualizado em 17 de abril de 2022 às 10:40
Estudante sendo agredido por militares na década de 1960
Foto: Reprodução

Em um áudio do dia 24 de junho de 1977, no Superior Tribunal Militar, o general Rodrigo Octávio Jordão Ramos diz: “Fato mais grave suscita exame, quando alguns réus trazem aos autos acusações referentes a tortura e sevícias das mais requintadas, inclusive provocando que uma das acusadas, Nádia Lúcia do Nascimento, abortasse após sofrer castigos físicos no Codi-DOI”. O Brasil vivia sob a ditadura empresarial-militar, que durou 21 anos. Essa e outras gravações provam, para quem inacreditavelmente não acredita, que houve tortura no período. As informações das gravações são da coluna de Míriam Leitão, do jornal O Globo.

O aborto de Nádia foi provocado por “choques elétricos no aparelho genital”. “(Nádia) deseja ainda esclarecer que estava grávida de três meses, ao ser presa, tinha receio de perder o filho, o que veio a acontecer no dia 7 de abril de 1974”, continua o áudio do general Rodrigo Octávio Jordão Ramos.

O historiador e professor de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Fico, foi quem resgatou as gravações da época. “O Superior Tribunal Militar passou a gravar as sessões a partir de 1975, mesmo as secretas. Até 1985 são 10 mil horas. Em 2006, o advogado Fernando Augusto Fernandes pediu acesso. Não conseguiu. Foi ao Supremo, que mandou liberar. O STM não obedeceu. Em 2011, a ministra Cármen Lúcia determinou o acesso irrestrito aos autos. O plenário acompanhou a ministra. Em 2015, as centenas de fitas de rolo foram digitalizadas. Fernandes analisou apenas 54 sessões. Em 2017 consegui copiar a totalidade das sessões. Aprimorei o áudio e passei a ouvir”, conta o professor.

Os áudios podem ser escutados clicando no link

A transcrição foi feita pelo jornal O Globo

Em 2017, a Época também revelou áudios secretos de militares. Veja abaixo:

Eduardo Bolsonaro debochou de tortura sofrida por Míriam Leitão

O deputado federal por São Paulo e filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou a jornalista Míriam Leitão no início do mês. Eduardo Bolsonaro não gostou de uma coluna escrita por ela e afirmou, no Twitter: “Ainda com pena da cobra”.

A frase é em referência à tortura sofrida por Miriam Leitão durante a ditadura empresarial-militar. Ela foi colocada nua em um quarto escuro ao lado de uma cobra jiboia, enquanto estava grávida.

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