Áudios no celular de Dominghetti mostram que encontro com Roberto Dias não foi “acidental”

Atualizado em 7 de julho de 2021 às 17:29
Luiz Paulo Dominguetti Pereira durante depoimento na CPI da Pandemia
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Registrados no celular do cabo da Polícia Militar, Luiz Paulo Dominghetti, áudios e mensagens desmentem o principal argumento do depoente na CPI da Covid nesta quarta (7).

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Os registros colocam em xeque a versão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, de que o encontro no qual o atravessador da Davati afirma ter recebido um pedido de propina foi “acidental”.  Em 23 de fevereiro, dois dias antes do suposto pedido de propina, Dominghetti envia um áudio a um interlocutor, Rafael, às 16h22.

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“Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”.

O dia do áudio, 23, é uma terça-feira. Na quinta-feira, quando Dominghetti cita já ter uma reunião marcada para  “finalizar com o Ministério” é exatamente o dia 25, quando houve o jantar em um bar em Brasília no qual Dias teria pedido propina.

Em 25 de fevereiro, quando ocorre o suposto pedido de propina, Dominghetti manda um áudio de um aliado, Odillon, o homem que o ajudou a fazer contato com militares que, de acordo com ele, abriram portas no Ministério da Saúde.

Na mensagem, Odillon pergunta: “Queria ver se vocês combinaram alguma coisa para encontrar com o Dias”.

A mensagem foi às 14h51.

Em 26 de fevereiro, após ter tido uma reunião com Roberto Dias no Ministério da Saúde, Dominghetti volta a enviar mensagem ao interlocutor Rafael. Ele diz que havia acabado de sair da pasta. A mensagem foi enviada às 17h16. A agenda oficial da pasta registra o encontro às 15h.

“Rafael, acabei de sair aqui do Ministério. Tudo redondinho. O Dias vai ligar pro Cristiano (representante da Davati no Brasil) e conversar com o Herman (CEO da Davati) ainda hoje, tá. Ele tá afinando essa compra aí, várias reuniões certificando a turma de que a vacina já está à disposição do Brasil”.

Dominghetti finaliza o áudio dizendo que estão discutindo como seria o pagamento.

“Se for da Astrazêneca, melhor ainda”.

Com informações da reportagem da CNN Brasil.