“Autonomia de quem?”: economista lista os questionamentos que Campos Neto não terá no Roda Viva

Atualizado em 13 de fevereiro de 2023 às 19:42
Roberto Campos Neto e Lula — Foto: Reuters/Arte g1

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participou às 17h desta segunda-feira da gravação da entrevista do programa Roda Viva, da TV Cultura, em São Paulo. O programa deve ir ao ar a partir das 22h.

A bancada de entrevistadores é sopa no mel para Campos Neto: Alex Ribeiro, repórter especial do Valor Econômico, Alexa Salomão, repórter da Folha de S.Paulo, a comentarista de economia do Grupo Bandeirantes Juliana Rosa, Alvaro Gribel, colunista do jornal O Globo, e Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S.Paulo. O programa é comandado por Vera Magalhães.

Nas últimas semanas, o economista foi alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os primeiros dias do terceiro mandato do petista foram marcados por questionamentos sobre a condução da política monetária pelo Banco Central e sua autonomia.

De acordo com o assessor econômico na Câmara dos Deputados pelo PSOL, David Deccache, Campow Neto não conseguirá fugir dessas questões. “É importante questioná-lo sobre suas relações íntimas com o sistema financeiro. Uma contradição de que o Banco Central deve ser autônomo, independente de qualquer influência política”, disse ao DCM.

Em 2021, o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, disse que o presidente do Banco Central pediu conselhos a ele sobre a taxa de juros no Brasil. Isso, segundo Deccache, desmascara a ideia de autonomia total. “Como ele pode ter relações ‘íntimas’ com banqueiros que podem ser beneficiados por políticas monetárias no BC?”, pergunta.

“Seria como uma raposa tomando conta de um galinheiro. Por que Campos Neto acha que deve dar satisfação para ele (André Esteves) e não para o presidente eleito democraticamente?”.

O economista também cita outras escorregadas de Campos Neto, como a sua participação em um grupo de WhatsApp com ministros do Bolsonaro e o churrasco feito ao lado de três bolsonaristas, em 7 de agosto de 2021

Na ocasião, Tarcísio de Freitas, então ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Fábio Faria, então ministro das Comunicações, e o senador Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, estavam presentes.

Tarcísio de Freitas, Fábio Faria, Campos Neto e Ciro Nogueira. Foto: Reprodução

Em janeiro de 2021, o Banco Mundial publicou um artigo sobre o assunto. As conclusões corroboram a ideia de que bancos centrais independentes fortalecem o mercado financeiro. Segundo a publicação, o modelo tende a aumentar a desigualdade.

Diante disso, Deccache destaca outras questões que deveriam ser enfatizadas pela bancada do Roda Viva: “Que tipo de independência ele busca para o BC? Autonomia de ocasião? Autônomo de quem? Do governo do presidente Lula? Com outros, ele dialogava”.

“Para economistas, deve haver uma articulação entre a política fiscal e monetária. Ao se colocar como um ‘opositor’ de Lula, ele acaba por impedir essa necessária boa relação. Como ele avalia essa falta de afinidade entre BC e área econômica do governo? Qual seria a solução?”, questiona.

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