Autoridades dos EUA investigam Milei e criadores da $LIBRA por fraude

Atualizado em 17 de fevereiro de 2025 às 14:08
Hayden Mark Davis, criador da $LIBRA, e Javier Milei, presidente da Argentina, em encontro na Casa Rosada, sede do governo. Foto: reprodução

A fraude digital na Argentina envolvendo a criptomoeda $LIBRA, promovida pelo presidente do país, Javier Milei, chegou às autoridades dos Estados Unidos. O Departamento de Justiça e o FBI receberam uma denúncia criminal contra os envolvidos no esquema, que teria gerado ganhos ilícitos entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões.

Entre os acusados estão o próprio Milei, o estadunidense Hayden Mark Davis, criador da criptomoeda, o singapurense Julian Peh e os empresários argentinos Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy.

A denúncia foi apresentada pelo escritório de advocacia argentino Moyano & Asociados, especializado em casos de insolvência transnacional e fraudes financeiras. O escritório também notificou a Comissão de Valores dos EUA (SEC) sobre as operações suspeitas, que teriam começado na noite de sexta-feira (14).

A Moyano & Asociados, que já colaborou com o FBI e outras agências dos EUA em casos anteriores, afirmou representar principalmente investidores argentinos, mas destacou que “milhares” de outras vítimas, incluindo cidadãos americanos, foram afetadas pelo esquema fraudulento.

Javier Milei, presidente de extrema-direita da Argentina. Foto: reprodução

Mariano Moyano Rodríguez, o advogado responsável pela denúncia, apresentou diversos elementos que confirmam a jurisdição dos Estados Unidos sobre o caso:

1. Vítimas estadunidenses: cidadãos ou residentes no país foram afetados e realizaram investimentos a partir do território norte-americano.
2. Plataforma e empresas envolvidas: a plataforma “Kip Protocol” foi desenvolvida nos EUA e a empresa controladora, Kip Network Inc, está registrada em Kansas City, Missouri.
3. Falta de regulamentação: nem a Kip Network Inc e nem a Kelsen Ventures, outra companhia supostamente envolvida, foram registradas na SEC ou autorizadas a operar como veículos financeiros.
4. Identidades suspeitas: Hayden Mark Davis, apresentado como proprietário da Kelsen Ventures, não tem registros públicos consistentes, levantando suspeitas sobre a veracidade de sua identidade.
5. Falta de transparência: a plataforma não exigiu documentos de identificação, histórico financeiro ou análises de risco dos investidores, violando práticas básicas de compliance.

A denúncia aponta Milei como um dos promotores do esquema. Segundo Moyano Rodríguez, o argentino promoveu a $LIBRA e outros empreendimentos que acabaram se revelando fraudes.

“Requeremos ao Departamento de Justiça que investigue o papel do presidente da Argentina, Javier Milei, nesta mega fraude, dado que ele a promoveu e no passado promoveu vários empreendimentos que resultaram em fraudes”, afirmou o advogado.

Na Argentina, a investigação sobre o caso foi sorteada para o Tribunal Federal da juíza María Servini. Enquanto isso, as autoridades americanas já deram início às apurações com base na denúncia apresentada.

O jornal La Nación, da Argentina, relembrou que o caso da $LIBRA se assemelha ao de outras fraudes digitais, como a OmegaPro, que também foi alvo de ações judiciais.

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