
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu à crítica feita por Michelle Bolsonaro à possível aliança do partido com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará. Ele classificou a fala da ex-primeira-dama como “autoritária e constrangedora”.
Para Flávio, Michelle ultrapassou limites ao repreender publicamente o deputado André Fernandes (PL-CE) durante um evento em Fortaleza. “A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento”, disse Flávio à coluna de Igor Gadelha no Metrópoles.
A manifestação de Michelle ocorreu no domingo, quando ela afirmou que o apoio a Ciro contrariaria a linha defendida nacionalmente pelo partido. Segundo ela, a aproximação com o ex-ministro não representaria o discurso do PL. A fala gerou desconforto interno e abriu nova crise no entorno bolsonarista.
Ele também considerou inadequado o tom usado por ela: “a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora”, declarou o senador. Ao justificar a estratégia no Ceará, Flávio citou que o estado tem três forças políticas relevantes: Bolsonaro, Lula e Ciro.
Segundo ele, caso Ciro concorra ao governo em 2026 e não sirva como palanque para Lula, há “uma janela de oportunidade para diminuir a força local de Lula para presidente”. Para o senador, a movimentação faz sentido eleitoralmente.

Flávio disse ainda que as decisões sobre candidaturas majoritárias não serão tomadas de forma isolada. “A decisão final será, sempre, de Jair Messias Bolsonaro”, afirmou. Ele acrescentou que Michelle participa do grupo interno de discussão, mas “não é política e precisa entender que a forma de tomar uma decisão às vezes é mais importante do que a própria decisão”.
Após o episódio, Flávio conversou com André Fernandes por telefone. O senador pediu desculpas ao colega em nome da família. A atitude buscou conter a insatisfação gerada pelo episódio e reafirmar o apoio ao deputado, que lidera o PL no estado.
Fernandes recebeu manifestações de solidariedade de outros parlamentares do partido, sobretudo em grupos de WhatsApp. Deputados afirmaram que a fala de Michelle foi “desrespeitosa” e inclusive contrariou o próprio Jair Bolsonaro, que havia dado aval para as articulações com Ciro no Ceará.