Auxílio de R$ 300 não compra nem meia cesta básica em cinco capitais

Atualizado em 8 de dezembro de 2020 às 11:39

Publicado na Rede Brasil Atual

A partir de janeiro, milhões de famílias ficarão completamente desassistidas pelo Estado com o fim do auxílio emergencial. Fotos Públicas

Por Tiago Pereira

Com elevação de 35% nos últimos 12 meses, o valor da cesta básica ultrapassou R$ 600 em pelo menos cinco capitais do país. No Rio de Janeiro, em São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Vitória, o auxílio emergencial de R$ 300 não foi suficiente para adquirir nem a metade dos itens da cesta básica no mês passado.

Nas duas maiores cidades do país, a cesta básica estava sendo vendida acima de R$ 629, segundo o Dieese. Nas duas capitais do sul, alcançou cerca de R$ 617. Em Vitória, ficou em R$ 606,59. Nas outras 12 capitais pesquisadas, o valor da cesta variou entre R$ 451,32 (Aracajú) e R$ 589,08 (Campo Grande).

Anteriormente, em outubro, o governo Bolsonaro havia cortado o auxílio pela metade, apostando na retomada da economia. Neste mês, as famílias estão recebendo a sua última parcela. O risco é que, a partir de janeiro, milhões de famílias fiquem totalmente desassistidas, já que a equipe econômica não anunciou, até o momento, um programa de transferência de renda capaz de suprir pelo menos parte das perdas com o fim do auxílio emergencial.

Orçamento espremido

Além da alta nos preços dos alimentos, os aumentos registrados no gás de cozinha e na energia elétrica, por exemplo, estão “espremendo” o orçamento das famílias que ganham até um salário mínimo, segundo a supervisora de pesquisas do Dieese, Patrícia Costa.

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta terça-feira (8), a economista explicou que os preços dos alimentos – como arroz, feijão, carne, batata e óleo de soja – têm subido em função da desvalorização do real frente ao dólar.

Diante desse quadro, o Dieese estimou em R$ 5.289,53 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de um trabalhador e sua família. Entretanto, a política de valorização do salário mínimo foi abandonada. Patrícia criticou, ademais, a ausência de políticas do governo para conter a carestia.

“Nesse momento, não existe preocupação com a inflação, que deve terminar o ano dentro da meta. Isso faz com que o governo não faça nada, nem tome nenhuma outra medida para conter essa alta”, declarou.