
O governo brasileiro manifestou neste domingo (21) sua satisfação com a decisão de Austrália, Canadá, Reino Unido e Portugal de reconhecer oficialmente o Estado da Palestina. Em nota, o Itamaraty afirmou que o gesto fortalece a busca por uma solução pacífica para o Oriente Médio e destacou que novos países devem seguir o mesmo caminho durante a 80ª Semana de Alto Nível da Assembleia-Geral da ONU, que ocorre em Nova York.
O Brasil foi um dos primeiros da América Latina a reconhecer a Palestina, em 2010, e voltou a reafirmar que considera a criação de dois Estados a única saída para a paz. Segundo o comunicado, a posição brasileira defende uma Palestina independente e viável, coexistindo com Israel dentro das fronteiras de 1967, incluindo Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental como capital.
Reconhecimento do Estado da Palestina pela Austrália, pelo Canadá, pelo Reino Unido e por Portugal: https://t.co/cTZNCHQifm pic.twitter.com/li5Yk432MM
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) September 21, 2025
A decisão dos quatro países foi recebida com hostilidade por Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o reconhecimento como um “perigo para a existência” de Tel Aviv e prometeu medidas imediatas contra os governos envolvidos. O Hamas, por outro lado, saudou os anúncios e disse que eles precisam ser acompanhados de ações práticas para garantir o fim da guerra em Gaza.
Entre as nações que aderiram recentemente à medida, o Reino Unido e o Canadá tiveram destaque, por serem as primeiras do G7 a formalizar a posição. O gesto foi interpretado como simbólico e representativo de uma mudança de postura dentro do bloco, pressionado pela escalada do conflito e pela expansão das colônias israelenses na Cisjordânia.
A lista de países que reconhecem a Palestina vem crescendo desde 2024, quando Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia romperam uma paralisia diplomática de mais de uma década na Europa. Desde então, mais de uma dúzia de países anunciaram formalmente o reconhecimento, elevando o total para cerca de 80% dos Estados-membros da ONU.
Nas Américas, a maioria das nações já reconhece a Palestina, incluindo Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e Venezuela. Entre as exceções estão os Estados Unidos e o Panamá, que mantêm a posição de só adotar a medida no âmbito de um acordo de paz definitivo com Israel.
Na Europa, além de Alemanha, Itália e Áustria, países bálticos também resistem em formalizar o reconhecimento. A justificativa mais comum é a de que apenas um tratado amplo poderia garantir a criação de um Estado palestino estável.
Ainda assim, a pressão diplomática dentro da União Europeia vem aumentando, especialmente após os bombardeios intensificados em Gaza. Com mais de 140 países já alinhados ao reconhecimento, o Brasil reforça que a adesão internacional tem um papel fundamental para a retomada do processo de paz.