Aviões mortais: como são os bombardeiros dos EUA que sobrevoaram a Venezuela

Atualizado em 16 de outubro de 2025 às 15:25
Avião bombardeiro B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos. Foto: reprodução

Três bombardeiros B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos foram flagrados sobrevoando uma área próxima à Venezuela na última quarta-feira (15), no mesmo dia em que o presidente Donald Trump confirmou ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano. A movimentação aérea se soma à presença de uma frota militar com pelo menos oito navios, um submarino nuclear e um esquadrão de caças F-35, estacionados no mar do Caribe em meio à crescente tensão entre Washington e o governo de Nicolás Maduro.

O B-52 é um dos bombardeiros mais poderosos do arsenal estadunidense, fabricado pela Boeing desde os anos 1950 e considerado a espinha dorsal da estratégia de ataque de longo alcance dos Estados Unidos.

Com autonomia de mais de 14 mil quilômetros e capacidade para carregar até 32 toneladas de armamentos, incluindo bombas nucleares, o avião pode realizar ataques estratégicos, interdição aérea e missões marítimas. Segundo a Força Aérea, o modelo também opera com alta precisão, inclusive em ataques noturnos, graças ao uso de sistemas ópticos e infravermelhos.

As aeronaves foram vistas voando na chamada Região de Informação de Voo (FIR, na sigla em inglês), área sob controle da Venezuela, mas fora do espaço aéreo do país. De acordo com o site de rastreamento FlightRadar, os aviões traçaram uma rota incomum, com formato que lembrava um desenho obsceno.

Especialistas em estratégia militar acreditam que o gesto pode ter sido uma demonstração de força e parte de uma ação psicológica de intimidação do governo Trump. “O B-52 é o bombardeiro mais capaz em combate do arsenal americano”, descreve a Boeing. “É um elemento essencial da estratégia de segurança nacional dos EUA e fornece capacidade imediata de ataque global”.

O modelo mede 48,5 metros de comprimento, 56,4 de envergadura e 12,4 de altura. Possui oito motores e é operado tanto pela Força Aérea quanto pela Nasa. Apesar do porte, leva apenas cinco tripulantes, piloto, copiloto, dois oficiais de combate e um navegador. Até hoje, foram produzidas 744 unidades, que seguem em operação em diversas bases aéreas do país.

Donald Trump, presidente dos EUA, e Nicolás Maduro, da Venezuela. Foto: reprodução

As manobras no Caribe ocorrem em meio à Operação de Combate ao Narcoterrorismo, lançada por Trump em setembro. Desde então, os EUA afirmam ter bombardeado embarcações usadas por organizações criminosas para transportar drogas rumo ao território estadunidense.

O ataque mais recente ocorreu na terça-feira (14), quando militares atingiram um barco em águas internacionais perto da costa venezuelana, resultando em seis mortes. “A inteligência confirmou que a embarcação estava traficando narcóticos e transitava por uma rota de organização terrorista”, escreveu Trump em uma rede social.

A escalada militar tem gerado forte reação internacional. A Human Rights Watch classificou as ações como “execuções extrajudiciais ilegais”, e o Conselho de Segurança da ONU expressou preocupação com possíveis violações de direitos humanos. O governo da Venezuela pediu uma investigação sobre os ataques e afirmou que as vítimas eram pescadores, não traficantes.

Para o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, “o tipo de equipamento enviado para a região é incompatível com uma simples operação antidrogas”. Já o pesquisador Maurício Santoro, do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, avalia que o aparato militar “indica que os Estados Unidos estão falando seriamente sobre a possibilidade de intervenção”.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.