
O bailarino brasileiro Luiz Fernando da Silva teve o visto negado pelos Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, após uma década se apresentando em grandes companhias de dança em solo norte-americano, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Aos 29 anos, ele foi impedido de retornar ao país, mesmo com contrato assinado com a respeitada companhia Dance Theatre of Harlem, em Nova York. “Foi um choque”, afirmou o artista, que atualmente está com a família em Barra Mansa (RJ).
Por não poder trabalhar enquanto aguardava a renovação do visto, decidiu voltar temporariamente ao Brasil, acreditando que tudo correria normalmente. “Nunca pensei que aconteceria comigo”, disse. Ele integrou o elenco do Miami City Ballet por dez anos e deixou a companhia em 2024.
Em dezembro de 2024, o governo dos EUA solicitou provas de que ele estava qualificado para o novo posto. Luiz Fernando enviou cartas de recomendação e um extenso portfólio com colaborações junto aos maiores coreógrafos do país. Mesmo assim, recebeu a negativa. “Se isso não é suficiente, o que vai ser?”, questionou.
Política migratória de Trump
De acordo com o brasileiro, o endurecimento da política migratória após a eleição de Donald Trump dificultou ainda mais a permanência de estrangeiros nos EUA. “Começou a ficar evidente que a situação poderia ser complicada”, afirmou.
“Quando recebi a notícia, pensei: meu sonho acabou. Não tinha previsto que minha carreira simplesmente pararia”, desabafou. “Poderia mostrar o maior currículo e seria indiferente para eles.”
Abalado, Luiz conta que o episódio o fez refletir sobre as experiências de racismo que viveu no país. “Foi um tempo para eu processar tudo o que ocorreu. Foram momentos silenciosos de ataques.”
Agora, o bailarino avalia seguir carreira em outros lugares: “Tenho pensado em explorar a Europa e a América Latina. Por enquanto, não sei se estou preparado para pedir um novo visto aos EUA, onde eu tenho que me provar como ser humano.”
