
A pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República enfrenta resistência entre lideranças do Centrão e também em setores que deram sustentação ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Com informações do jornal O Globo.
Representantes do agronegócio, líderes evangélicos e integrantes da bancada da segurança pública (populamente conhecida como “Bancada BBB: Boi, Bíblia e Bala”, manifestam dúvidas sobre a capacidade eleitoral do parlamentar para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. Nesse contexto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é citado como nome com maior articulação nesses segmentos.
Interlocutores desses grupos afirmam que Flávio ainda terá um período para testar sua viabilidade política. A avaliação é que, se em cerca de dois meses o senador não ampliar apoios, a direita poderá buscar outro nome.
Flávio anunciou a pré-candidatura em (5), apontando a escolha como definição de seu pai, que segue influente no grupo político mesmo após ter sido condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
A indicação de Flávio ocorreu sem consulta prévia a dirigentes de partidos como União Brasil, PP e Republicanos, que discutiam a formação de uma candidatura unificada de oposição ao PT.

Entre lideranças do Centrão e da chamada bancada “BBB” — Boi, Bíblia e Bala — circula a avaliação de que o movimento buscou conter o avanço de Tarcísio como alternativa enquanto Jair Bolsonaro tenta reverter sua situação jurídica. O próprio Flávio declarou, na semana passada, que sua candidatura tinha “um preço”, depois afirmando que a decisão seria “irreversível”.
No agronegócio, dirigentes apontam que Flávio não tem atuação destacada em pautas centrais do setor, como crédito rural, regularização fundiária e abertura de mercados.
Já Tarcísio é lembrado por iniciativas quando esteve à frente do Ministério da Infraestrutura e, posteriormente, como governador paulista, ao acelerar programas de regularização fundiária. Para Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o governador já era visto como alternativa ao Planalto antes mesmo do anúncio do senador.
Entre evangélicos, pesquisas recentes indicam desempenho superior da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em relação a Flávio.
Levantamento Ipsos/Ipec mostra que, enquanto Lula aparece com 26% das intenções de voto nesse segmento, Michelle alcança 32%. Flávio registra 25% entre evangélicos, índice abaixo do da ex-primeira-dama. Na bancada evangélica do Congresso, deputados ouvidos reservadamente demonstraram divergências quanto à pré-candidatura do senador.
Na área de segurança pública, parlamentares afirmam que Flávio não possui histórico de articulação semelhante ao do pai junto a policiais e militares. Embora presida a Comissão de Segurança do Senado, o senador teve participação limitada em debates recentes, como a CPI do Crime Organizado.