Paraíso do Tuiuti mostrou na Sapucaí o Lula que a Globo e os demais da elite tentam esconder

Atualizado em 5 de março de 2019 às 9:56
O bode dá um coice no candidato que representa o tanque de guerra: quem serão?

No desfile da Paraíso do Tuiuti nesta madrugada, as referências a Lula eram óbvias e, na divulgação do enredo, o carnavalesco Jack Vasconcelos explicou de quem se tratava:

“Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino, barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da resistência!”.

Também fez uma referência à Lava Jato:

“Não posso provar, mas tenho total convicção da autenticidade de tudo o que a ele atribuíram…”.

Mas quem ler a reportagem do G1, site das Organizações Globo, detentora dos direitos de transmissão do desfile, vai ficar sem saber.

O texto trata de Ioiô, bode famoso no Ceará na década de 20, que foi eleito vereador, mas não pôde assumir. Quem será? Quem será?

“Uma ala mostrou a luta entre ‘o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora’, seguida do carro com o bode dando coice em um animal em forma de tanque de guerra”, destaca a reportagem.

Quem será o bode da resistência? Quem será?

Que será o animal em forma de tanque de guerra? Quem será?

Um carro trazia integrantes de movimentos sociais e a frase “Ninguém solta a mão de ninguém”. Também havia a frase “Deus Acima de Todos, mas sou a favor da tortura”.

“Se minha empregada estudar, quem vai limpar a casa para mim?”, era outra frase.

Referências óbvias ao momento político atual, e o Salvador da Pátria seria o ex-presidente, mas os apresentadores da Globo não dizem isso nem como hipótese.

Tinha até um personagem com cabeça de bode e faixa presidencial? Quem será?

Um dos carros da Paraíso da Tuiuti mostrava dois lados de Fortaleza: à frente, um lado luxuoso, representando a elite, tentando ser moderna, coisa de primeiro mundo.

Na parte de trás (escondida) do carro, estava  o povo e a cultura popular.

Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

Mas a reportagem não conta.

O máximo que o relato “jornalístico” permite é descrever que o enredo do Ioiô foi uma sátira sobre a pobreza, a desigualdade e a desilusão com a política.

Parte do público percebeu o que o texto da reportagem e a apresentação da Globo sonegam e, ao final, cantou Lula Livre. Veja o vídeo abaixo.

A Tuiuti, mais vez uma vez, incomodou.

E a sonegação da Gobo de explicações sobre o enredo mostra que, mais uma vez, a escola acertou.

Lembra o que aconteceu no ano passado, quando o Vampirão foi mostrado como um personagem qualquer, quando a referência a Michel Temer era óbvia.

Mais tarde, diante da repercussão, o jornalismo da Globo admitiu que, sim, poderia ser referência a Michel Temer.

Agora o bode Ioiô é apresentado apenas como um bode, não como uma metáfora do ex-presidente Lula.

O desfile lembrou os tempos duros da ditadura militar, quando havia censura.

Na época, artistas se esforçavam para passar uma mensagem importante sem que esta fosse detectada pela censura.

O público entendia.

A Globo fez como no passado: passou a mensagem na sua literalidade, ignorando o subtexto.

Praticou auto-censura.

Mas não adiantou: como no passado, muita gente entendeu direitinho.

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