A ordem do ministro Luiz Roberto Barroso para que Polícia Federal e Forças Armadas intensifiquem as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista inglês e que apresentem relatório sobre as condições de segurança naquela área remota da Amazônia é, sem tirar nem por, o que deveria ter sido feito pelo Presidente da República, dias atrás.
Mas ele não o fez. Passou dois dias, quase, em silêncio e, quando abriu a boca, foi para dizer que os dois tinham se metido em um “aventura nada recomendável”. Só depois da imensa repercussão do caso no exterior deixou que as forças de segurança civis e militares se empenhassem nas buscas, ainda assim de maneira limitada ou dúbia.
Ninguém consegue tirar a impressão de que a reação de Bolsonaro não contém a sua conhecida antipatia a índios, terras indígenas, indigenistas, jornalistas e, sobretudo, jornalistas voltados para pautas ambientais.
E, pelo sentido inverso, como se sentem identificados com o presidente os garimpeiros, os caçadores, os destruidores da floresta e de sua fauna, os madeireiros, os “passadores de boiada”.
Hoje, no programa Bom para Todos, da jornalista Talita Galli, na TVT, comento esta omissão de Bolsonaro que, agora, sobre a pressão mundial, ele está tentando remendar.
O estrago, porém, é irreparável, tanto quanto é irreparável o que, em princípio, representa a perda de duas vidas humanas.
Publicado originalmente no site Tijolaço
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