Barroso nega “caça às bruxas”, descarta perseguição política e vê injustiça em sanções dos EUA

Atualizado em 19 de setembro de 2025 às 8:02
Presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso. Foto: Divulgação
Presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso. Foto: Divulgação

Por Isabella Cavalcante, no Conjur

Presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso falou nesta quarta-feira (17/9) sobre as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, por meio de taxas sobre produtos brasileiros, e sobre a perseguição do governo americano a integrantes do Judiciário, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, contra quem foi aplicada a Lei Magnitsky.

Barroso negou a existência de “caça às bruxas ou perseguições”, argumento apresentado pelo governo dos EUA para usar a lei contra Alexandre. A ideia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão pela 1ª Turma do STF por ser o líder da trama golpista que se desenrolou entre 2021 e 2023, é vítima de uma campanha do Supremo foi rebatida com vigor pelo ministro.

“Tudo o que foi feito baseou-se em provas, evidências exibidas publicamente”, disse o presidente da corte. “Nesse contexto, é simplesmente injusto punir o país, seus trabalhadores e suas empresas por uma decisão amplamente baseada em provas, comprometendo suas empresas e seus trabalhadores. Também é injusto punir ministros que com coragem e independência cumpriram o seu papel.”

“No Brasil, a quase totalidade da sociedade reconhece que houve uma tentativa de golpe e que é importante julgar seus responsáveis. Esse é um chamamento ao diálogo e à compreensão, pelo bem dos nossos países, de uma longa amizade e da justiça”, continuou Barroso.

O ministro também criticou a interferência internacional em um assunto interno do Brasil. “Nenhuma decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro tem pretensão de alcance extraterritorial. Nós só cuidamos do nosso jardim.”

Além de Alexandre, outros sete ministros do STF tiveram suspensos seus vistos de entrada nos Estados Unidos. Os únicos a não serem punidos foram Luiz Fux (que votou pela absolvição de Bolsonaro na 1ª Turma), Kassio Nunes Marques e André Mendonça.